Desde
o século XVIII e em forma acentuada no século XIX, os espaços da ciência
pareciam reproduzir os espaços da tradição, superstição e religião. Um dos
segredos da modernidade foi o abandono dos mitos, Deus e o Diabo, tradição e
religião, o mundo se intelectualiza de tal maneira que não existe mais espaços para visões e
fantasmas.
Nesse
mundo em que vivemos o homem passa a ser senhor do seu próprio destino, e a
razão aquela medida que seria produto de um cálculo, tem a pretensão de captar,
compreender, explicar e ordenar o mundo, essa razão descobre, nomeia, explica e
exorciza visões e fantasmas. Descobre que eles não estão no além, mas aqui junto
ao homem modificando o seu cotidiano, à luz do dia, transparentes, razoáveis.
Essa
modernidade que desconstrói a tradição cria a falsa ilusão de que ele é capaz
de desconstruir seus fetiches, criados por ele próprio. O fetichismo é uma fabulação
do dia a dia criado por todos nós, são nossas atividades humanas que assustam e
nos fascinam. As coisas criadas pelo homem projetam-se diante dele como seres
dotados de vida própria, e dai resulta o sentido trágico da modernidade e da
razão o homem agora sabe de tudo, e esse tudo é responsável pelos maiores
vazios e desvios de nossa época em que o homem é um ser que busca um sentido
para tanta explicação de seu próprio mundo. Tem tanta razão que desvenda os
fetiches que ele próprio cria, e esse
desvendamento provado o vazio e o isolamento da individualidade moderna.
Nisso
lembro de Baudelaire quando descobre
que o individuo da cidade está perdido no meio da multidão no grande deserto de
homens que existe no mundo moderno, é daí que se revela o que existe de breve,
fugaz , aleatório na vida presente, a modernidade para lembrar Bauman é realmente o líquido tornando as
relações humanas fluídas e breves.