Sinceramente eu tenho uma predileção
pelo passado e em especial pelo século XIX, período que já falei em outros
momentos desse blog. O prenuncio transformador desse período aconteceu um
século antes com a Revolução Industrial na Inglaterra e as Revoluções
americanas e francesas. O direito das monarquias que se arvorava divino, passou
a ser contestado e substituído pelas retribuições de riquezas e de privilégios na sociedade.
O mundo se transformava em
proporções nunca antes vistas, navios a vapor, locomotivas, o telégrafo e o
telefone encurtavam o mundo. Até então os seres humanos se moviam como a10 mil
anos a pé ou a cavalo. Em 1800 uma viagem oceânica entre a Inglaterra e a
Índia, contornava o cabo da boa esperança e demorava sete meses, no final do
século graças ao navio a vapor esse tempo foi reduzido para duas semanas.
Nas comunicações as transformações
ainda foram mais surpreendentes, cartas viajavam a pé no mesmo ritmo das pessoas.
Uma correspondência despachada de Lisboa em Portugal levava dois meses para
chegar ao Rio de Janeiro. Impressoras mecânicas, o telégrafo e o telefone
mudaram tudo, a informação que antes viajava, agora era transmitida de maneira
instantânea através de cabos em torno do planeta.
As pessoas passaram a ler jornais
dominicais, e a opinião como disse Balzac passou a ser em papel e tinta. Foi o
século das ideologias como o comunismo, nacionalismo, socialismo e
imperialismo, que propunham novos modelos de sociedade e caminhos diferentes
para alcança-los. O que essas ideologias tinham em comum era a noção de que era preciso reformar
a sociedade e o Estado para acelerar o progresso humano, em busca de uma era de
prosperidade e felicidade.
O que considero mais interessante
desse período é a crença na ciência e na tecnologia como capazes de conduzir o
homem a um novo patamar de conhecimento, essa crença só veio a ser abalada com
a Primeira Guerra Mundial, na primeira metade do século XX, que mostrou que o
homem não era capaz de tudo que se imaginou no século XIX. Acreditava-se que
era o momento do triunfo da razão, como instrumento inabalável para explicar
não só o funcionamento da natureza, como da sociedade. Deus está morto, concluía Nietsche em seu clássico Assim falou Zaratustra.