Compreender o Brasil, passa pelo
conhecimento de grandes nomes que defenderam de forma intransigente, os
interesses do país, falo aqui, do mineiro Darcy Ribeiro, mas, representante de
todo o país. Figura emblemática, polêmica, defendeu de forma veemente durante
toda a sua vida duas bandeiras: a educação brasileira e o direito dos índios,
daí o caráter humanista de sua pessoa. Ajudou a
criar o Parque do Xingu, o Museu do Índio e a Universidade de Brasília.
Sua formação de antropólogo e
sociólogo, lhe deram uma visão acurada das questões nacionais. Viveu temporadas
entre os indígenas, e dessa experiência deu origem a envolvente obra Diários Índios: os Urubu Kaapor. A
leitura dessa obra tem a capacidade mágica de nos fazer viajar com Darcy para
as florestas do Maranhão, nos anos 1950 onde viviam esses povos. É a construção
de um cotidiano que nos causa estranhamento diante da minúcia da descrição dos
hábitos e costumes de uma cultura diferente da nossa.
As vezes me faço um questionamento o
que teria levado esse homem tão jovem, de apenas 27 anos a se embrenhar na
solidão das florestas tropicais? Dos diários o que li foi a obra citada acima,
esta apresenta uma leitura leve, é despretensioso, coloquial, possibilita uma
agradável leitura. Penso na descrição dos Urubu Kaappor e vejo que se trata de
um dos melhores estudos antropológicos brasileiros.
O que me seduz em seu pensamento e
em sua obra, é que com ele a palavra “selvagem” assume uma nova conotação,
livre do peso, pejorativo usado por outros autores, aqui eles são os “moradores
da floresta”, prova de sua relação respeitosa com esses povos. Darcy tem a
garra, com um misto de romantismo dos utópicos, vejo isso, quando dedicou seus
últimos dias a consolidar o projeto de fixar os “verdadeiros donos da terra" à
Floresta Amazônica, isso fica explícito em sua próprias palavras :
“Dediquei a vida aos índios, à minha paixão por eles e também à escola
pública. Minha vida é feita de projetos impessoais para passar o Brasil a
limpo, porque o Brasil é máquina de gastar gente. Gastou seis milhões de índios
e o equivalente de negros. Para eles? Não! Para adoçar a boca do europeu com
acúcar, para enriquecer uns poucos. O povo foi gasto como carvão neste país
bruto”.
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