Existem
inúmeras definições sobre o que seja cultura, ou o que torna esse termo como
algo próximo de internacionalização, qual o seu caráter universal? Particular?
Ou nacional? Muitos defenderam a cultura européia dizendo que só ela tinha uma
caráter de universalidade, já que ela valia para todos os homens e mulheres do
mundo. Uma coisa não pode deixar de ser dita, a luta por direitos humanos e
combate aos preconceitos, atingiram no ocidente um nível mais alto do que em
outras culturas.
Essa
tese apresenta alguns problemas. A modernidade que é outro nome do ocidente,
foi um triunfo cruel. Esmagou culturas ameríndias, africanas e asiáticas, que
poucos meios tinham para se defender. Foi uma chacina física e espiritual.
Mesmo os valores iluministas, os mais universais rasgam a possibilidade de
outros valores. Considero que é bom não usar o termo globalização cultural, já
que globalização está relacionada a mercados. E daí pensei, com base em textos
sobre o assunto e pesquisas acadêmicas, quais os elementos que internacionalizam
a cultura brasileira? Listei alguns que passam longe de ser a pretensão da
verdade, mas apenas um indicativo desta.
Machado de Assis-
os americanos e parte dos ingleses acharam que talvez fosse mais fácil
classifica-lo entre os pós-modernistas, isso mostra, o quanto que Dom Casmurro, continua mais moderno do
que os próprios pós modernos, a seu respeito os críticos internacionais
costumam citar uma certa ironia epicurista. Machado abre inúmeras
possibilidades e interpretações e mostra que sua pátria era sobretudo, sua
língua.
Gilberto Freire- foi
considerado gênio da sociologia, só ele foi capaz de escrever sobre história
como se estivesse produzindo um romance libertino, Casa Grande e Senzala é um clássico da pornografia, com ele, o
mundo nunca conseguiu resistir a descrição minuciosa de pecado.
Carmen Miranda- acho
que é mal compreendida pelos estrangeiros, que a veem como uma cantora com um
toque de folclórico, e não conseguem compreender toda sua grandeza vocálica.
Carmen ainda é limitada as suas frutas e seus trejeitos. Por mais que tenha
encantado a América, ela é uma figura mais sexy do que supunham e bem mais
irredutível do que gostariam. Para nós e para eles ela é um parâmetro essencial
que forma uma cultura absolutamente própria.
Brasília- pouco importa
que seja uma cidade sem esquinas, ou que continue tão discutia, Brasília
mostrou ao mundo que ainda é possível existir homens capazes de construir uma
cidade. Sua modernidade e as curvas de Niemayer são imbatíveis.
Tom Jobim- muito
mais do que música, criou um estilo imbatível que se mantém, é considerado cool
de Frank Sinatra a David Lynch. Sua obra é comparada a Guimarães Rosa. Ninguém
pode esquecer ao ouvir suas músicas das praias do sul do Rio de Janeiro, de
Parati, do perfume da chuva, da cachaça e da mulher brasileira.
Poltrona Mole- numa
variação de estética da forma, Sergio Rodrigues, parece ter criado com sua
poltrona uma espécie de estética da saciedade. Na qual, a madeira brasileira
era reafirmada com um orgulho que beirava a arrogância, com toda a sua glória
ocre, torneada e macia. Os italianos, dados a volúpia adoraram, dizem que quem
senta jamais esquece.
Cinema Novo- conseguiu
superar a crítica do Cathiers du Cinéma.
Glauber Rocha, Rio 40 graus e Vidas Secas, vão sobreviver a qualquer crítica e
mesmo ao cinema.
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