Tinha
18 anos quando vi o filme Tempos Modernos de Charles Chaplin,
estava cursando a disciplina de Sociologia I com a Doutora Conceição Maciel na
Faculdade de Serviço Social, de imediato o filme não me causou tanto impacto,
mas, como tive que revê-lo causou em mim impressões que carregarei por muito
tempo, na condução de minha vida profissional. A imagem do vagabundo mostra a
substituição do artesão pelo operário. O trabalho que o operário realiza o leva
a um processo de alienação e de adoecimento com um colapso nervoso, no
repetitivo processo de produção da linha de montagem. O vagabundo entra numa
série de acontecimentos, sendo confundido com grevistas, comunista e louco,
até encontrar uma órfã que passa a ser sua amiga e lutar com ele para
sobreviver dentro do sistema capitalista.
O filme é mais do que
arte puríssima é antes uma avaliação apurada da sociedade da época. Após a crise de 1929, a produção industrial
norte-americana reduziu-se pela metade, em 1933 o país contava com 17 milhões
de desempregados, o Presidente Rossevelt, anunciou o New Deal que visava recuperar
a economia. De 1934 a 1940 foi o período de crescimento do movimento operário,
pressionado pelos movimentos grevistas o Congresso aprovou o direito de associação
dos trabalhadores e Acordos Coletivos com os empresários.
Chaplin mostra toda a
tipicidade da sociedade industrial do início do século XX nos EUA, uma
sociedade mecanizada e voltada exclusivamente para o lucro. Com a adoção das
práticas fordistas e tayloristas o trabalhador passa a deixar de ter qualquer
influência na produção e o seu trabalho a ser mecanizado, para ser operário não
precisava de especialização somente repetir o movimento das máquinas.
Para mim a maior mensagem do filme é
a relação homem-máquina, é a apropriação do tempo pelo sistema capitalista de
produção. Máquinas são tão indispensáveis à produção que o homem passa a se confundir
com elas. A cena que melhor retrata isso é quando Carlitos fica preso entre as
imensas engrenagens de uma máquina, se confundindo e não podendo mais ser
separados. A inadequação de Carlitos ao trabalho alienado perpassa todo o filme.
No fim do filme
quando sua companheira, indignada com a situação de perseguição, miséria e
desemprego pergunta: para
que tudo isso? Ele
responde: levante a cabeça
nunca abandone a luta. Mas a reação deles não é o
enfrentamento do capital mais se direcionar em relação ao campo. Em 1936 ano do
filme, e do advento do cinema falado o personagem Carlitos se despede, são os
chamados Tempos Modernos.
ótima reflexão! Renata
ResponderExcluirmt bom artigo
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