Saudosista como sou quando O Artista (2011), foi lançado cai de amores
imediatamente torci pelo seus prêmios e revendo o filme esses dias vi que ele é
a prova que ainda somos capazes de nos emocionar com uma fantasia silenciosa. O
filme se passa entre 1927 e 1933 e conta duas histórias aquela vivida entre
Dujardin e Berenice e o amor pelo cinema em si.
A paixão pelas imagens mostradas no
filme transborda pela tela e desperta a função cinéfila de cada um de nós,
fazendo com que os espectadores se sintam seduzidos pelo cinema. Há um pouco do
cinema de Hollywood nos personagens centrais o astro Valentin é dono de um
sorriso à la Rodolfo Valentino e um bigode de Douglas Fairbanks e a aspirante
ao estrelado Peppy : os dois caminham em ritmo chapliniano e a evidente referência
ao mestre inglês é uma das chaves para o sucesso da produção: um pouco como faz
Quentin Tarantino.
O
Artista retorna ao cinema mudo seguindo toda a sua cartilha, às vezes
exagerando em algumas das regras, quando então nos faz rir. Da entrada das
cartelas de diálogos às cenas panorâmicas tudo no filme nos coloca num
improvável túnel do tempo. É impagável, por exemplo, a passagem em que
Valentin, estupefato, ouve o barulho dos objetos caindo, os saltos femininos
batendo no chão. O som chegou. Nós, na plateia, ouvimos esses ruídos todos,
mas, de repente, Valentin move os lábios e, de sua boca, as palavras não saem.
Gosto
do filme pelo retorno a pré-história do cinema e a viagem que nos leva ao tempo
de certa ingenuidade, em que o cinema era criança. É fascinante descobrir que
mesmo diante da tentação do 3D uma fantasia simples e silenciosa ainda pode nos
seduzir.