sábado, 21 de dezembro de 2013

SALMÃO: O MELHOR DA MINHA COZINHA




            Sempre preferi carne a peixe, mas não tenho como negar que o que há de melhor em minha cozinha é o salmão preparado no forno pelo meu marido, ele varia nos temperos que ficam entre ervas finas com predominância de alecrim e azaleia, cebolas ou alcaparras, sempre regado com bastante azeite de oliva. Eu prefiro o de ervas finas porque, começa a aguçar os sentidos pelo olfato que o perfume do prato exala no ambiente.


Os salmões são peixes considerados notáveis e extremamente conhecidos no mundo da gastronomia. São peixes carnívoros que nascem na água doce, mas vão para o mar procurando atingir a maturidade, mas voltam aos rios onde nasceram com o intuito de se reproduzirem. Desenvolvem sua massa muscular e estoque de gordura para favorecer a produção de ovos e a ininterrupta migração contra a corrente dos rios de origem onde são apanhados pela pesca predatória.


Vi numa matéria na National Geographic que os estoques naturais de salmão estão praticamente esgotados e a maioria do salmão consumido hoje vêm de cativeiros, os gastrônomos dizem que os peixes de cativeiro,  não possuem o sabor nem a característica firme do encontrado nos peixes criados em ambiente natural. O seu pigmento rosado tem origem tem origem em substâncias que o peixe acumula de crustáceos marinhos, os especialistas relacionam o seu sabor a elementos de frutas e flores.


Embora o peixe tenha se popularizado com a culinária japonesa, o salmão apresenta notórias qualidades gastronômicas, me arrisco a dizer que sua consistência é tenra dissolve na boca, não é fibroso como o robalo, por exemplo, independente do sucesso e da popularização do pescado de origem europeia, se deu vontade de experimentar prepare os ingredientes, mãos a obra e bon appétit!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

ROMANCE DA PEDRA DO REINO DE ARIANO SUASSUNA



            Sempre li que Romance da Pedra do Reino era a obra magistral do paraibano Ariano Suassuna, trata-se de uma produção quase épica sobre o sertão e o nordeste brasileiro que só é possível conhecer a sua dimensão após a leitura. O Auto da Compadecida é a sua obra mais conhecida e está marcada pelo assassinato do seu pai em 1930, então governador do Estado da Paraíba.


            Romance da Pedra do Reino, é uma obra extensa com mais de 700 páginas, complexa, híbrida que não cabe em classificações limitadoras. Para Suassuna, essa obra é um romance picaresco. Ao longo da narrativa há epopeia, poesia, romance de cavalaria, e mais outras formas que indicam lembrança tradição e vivência que sinaliza uma integração do popular ao erudito, com toque pessoal de originalidade e improvisação.


            Me arrisco a dizer que se trata da nossa epopeia épica, sertaneja, mestiça, criada por um escritor nordestino. Uma projeção profética e simbólica do futuro do tempo de agora, a expectativa messiânica de redenção dos mais pobres. A historia é contada pelo cronista-fidalgo-Rapsodo-Acadêmico e poeta escrivão Dom Pedro Diniz Ferreira Quaderna, ilustre descendente de Dom João Ferreira Quaderna, ou Dom João o execrável. Semelhante a uma narrativa policial, pelo tom do crime e o tom de mistério, o romance epopeia é formado por cinco livros, dividido em folhetos, que mostra como o protagonista foi parar na prisão.


            O protagonista é um herói que após perder a integridade afasta-se dos outros para então viver uma série de aventuras e, assim, lutar para rever sua identidade. O enredo mistura a realidade do mágico e leva ao Nordeste, um espírito medieval, explícito no domínio da piedade, nas santas que aparecem para interceder, nas entidades que veem assassinatos em tocaias e se tornam outros personagens.


            Assisti uma palestra de Ariano Suassuna aqui na cidade que moro, a algum tempo, sua postura é de alguém comprometido com a cultura nacional, tanto que fundou no Recife, em 1970, o movimento Armorial, cuja proposta era realizar uma arte brasileira erudita com base em raízes populares e da cultura do país. Muito desse princípio está implícito em Pedra do Reino onde há uma notável intertextualidade com autores da literatura local e elementos característicos regionais, perceptíveis inclusive nos seus aspectos linguísticos.


            Livro indispensável para nos aproximar da busca de uma cultura que seja nossa, autentica, que dê sentido aos nossos costumes enquanto povo pertencentes a nação brasileira e sobretudo, nordestina. Grande Ariano Suassuna!
            

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Sgt. Pepper’s : O MELHOR DOS BEATLES



            Já tinha pensado em como escrever sobre os Beatles aqui no blog, ouvindo incontáveis vezes o disco Sgt. Pepper’s pensei por que não falar dele, afinal é o melhor da mítica banda. Mesmo sabendo que se trata de um clichê cultural, esse disco é uma referência, um paradigma e vejo que artistas da nova geração tentam recriar na internet no ambiente das músicas virtuais, a noção de álbum, mesmo que hoje os jovens escutem músicas individuais e não o disco inteiro.


            Sucesso de crítica e público imediato na ocasião do seu lançamento 47 anos atrás, Sgt. Pepper’s marca a maioridade dos Beatles e foi concebido em uma época em que Jonh, Paul, Georg e Ringo estavam cansados da beatlemania e resolveram deixar as turnês. A partir daquele momento seriam um banda de estúdio como os maiores do seu tempo e poderiam assim, usar todos os recursos disponíveis.


            Sgt. Pepper’s é quase um disco inteiramente conceitual, ultrapassando a linha do pop rock ao se aproximar do mundo erudito em A Day in the life, e quando Georg se aproxima do mundo oriental com uma cítara. Foi justamente com esse disco que o produto virou pop, uma nova forma de pensar a música dentro de uma escala de grandeza, nunca antes vista.


            Ícone cultural a música dos Beatles ainda seria um marco da estética hippie, seu mais fiel representante, numa das associações mais fortes entre música e comportamento, entre banda e sentimento de uma geração. Era o ápice do psicodelismo, mensagens cifradas as drogas podem ser encontradas ou não em canções como Lucy and Sky with Diamonds, mostrando que uma banda de rock servia para algo mais do que fazer as pessoas dançarem.


            O clássico dos Beatles sobreviveu porque extrapolou meramente a música, com o álbum eles saíram da estética pop e atingiram o patamar de grande arte. No Brasil influenciaram a tropicália de Gilberto Gil e Caetano Veloso além do rock dos mutantes. Comprei o disco no I tunes a loja de música virtual da Apple e ao contar pela classificação do volume de vendas, o caminho para a ousadia pop foi aberta por ele e é por isso que ele continua atual, com vinil ou de forma virtual. 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

SOBRE CULTURA E FUTEBOL



            Das muitas ideias sobre o que seja cultura, quero me restringir a duas. A ideia de que seria uma espécie de passaporte aristocrático: tanto a cultura como os pequenos gestos de solidariedade de ampla divulgação podem servir para levar o nome, e os próprios produtos culturais a se tornam mercadorias. Outro sentido é o de elemento que permeia as relações humanas: na produção, no consumo e na distribuição dos meios de viver, nas relações de poder e dominação, usufruto e prazer. São os modos e ritos de nascer e reproduzir, do amor e da morte.


            Se cultura é o que dá significado as relações sociais, depois das polêmicas políticas em torno do acontecimento da Copa do Mundo no Brasil, fiquei pensando, por que não celebramos o futebol, injustiçado fenômeno cultural desdenhado pela chamada alta cultura? Afinal é um espetáculo que paralisa cidades e até países inteiros. O teatro grego, que hoje assistimos que respeitoso silêncio em sua formação era exibido entre vaias e aplausos. Vejo algo em comum entre os dois, afinal ambos despertam paixões e intermediam o prosaico humano e divino.


            Não entendo bem as regras de futebol, não assisto a jogos nem sei quem está ganhando os campeonatos, mas uma coisa tenho por certa, trata-se de uma arte imperfeita, afinal é executada com os pés. É inexorável o erro humano e o que considero curioso no futebol, é que ninguém estranha o 0 x 0 e uma única partida é capaz de formar contradições como as grandes questões ontológicas. As contendas entre os autores gregos também eram permeadas de paixões.


            Passeando pelas redes sociais da internet em dia das grandes partidas, vendo comentários dos torcedores fico pensando, como a vida o futebol não é justo e ao que parece os bons nem sempre vencem. A sorte compete e colabora com o mérito, qualquer gol é válido, do mais magistral ao mais canhestro. A mimese futebolística alcança a pós modernidade, qualquer vídeo da Copa do Mundo de 1986, dá para ver o Deus Maradona vingando sua nação da humilhação das Maldivas marcando gol contra a Inglaterra, os argentinos enlouquecidos o veneram até hoje.


            O mundo em que vivemos somos acossados por todos os meios de apelo para que sejamos ricos, belos, magros, com função sexual permanente, antideprimidos. Mas o inevitável é que a melancolia se apresenta e a arte do futebol se impõem como crítica, como política enfim. Um novo ano começa então vou vestir minha camisa, inflar minhas paixões e acompanhar o mundial, afinal, futebol também é cultura.