Passeando pela internet encontrei em
versão digitalizada pela Universidade de São Paulo do acervo do José Mindlin o
livro O Cozinheiro Imperial, considerado o primeiro livro de receitas
brasileiro. Tudo no livro é interessante, desde o autor que não se identifica,
o português da época até a reconstrução dos hábitos da sociedade. Publicado
pela primeira vez em 1840, recebeu sucessivas edições até o final do século
XIX.
O livro tem a curiosa apresentação: Cozinheiro Imperial ou nova arte do
cozinheiro e do copeiro em todos os seus ramos, com receitas que deveria servir
as esplêndidas mesas e delicados gostos, bem como ao alcance das mais moderadas
posses e das mais simples necessidades. Mas, o livro não era propriamente
uma novidade, pois reproduzia O
Cozinheiro Moderno, publicação de Lucas Rigaud um francês que foi para
Portugal cozinhar para Dona Maria I, a rainha louca.
O livro tem desenhos dos alimentos a bico de pena, e costumes que já estavam em desuso na época como boas maneiras e
trinchadores de carne à moda medieval. Mas é interessante pelo segredos dos
molhos, o perfume dos alimentos, e a adaptação da cozinha internacional aos
costumes dos trópicos. Reproduzo aqui uma das suas interessantes receitas: Língua de carneiro- estando meio
cozidas em água, tire a pele e acabe de cozer em brasa; abra-se depois ao meio
e ponha numa caçarola com azeite bom ou manteiga derretida; tempere-se com
pouco sal, pimenta, cebolinha, alho, tudo bem picado, e cobertas muito bem de
pão ralado. Assa-se na grelha e serve-se com molho de limão.