Se
viva fosse essa seria a semana de aniversário de Elis Regina conhecida cantora
da Música Popular Brasileira. Embora hoje não escute tanto Elis, quando criança
convivia com sua música que era ouvida em minha casa pelos parentes mais velhos.
Quando estava na faculdade li Noites
Tropicais do produtor musical Nelson Motta e conheci um pouco mais sobre
sua trajetória e sua vida. É inegável sua voz dramática e o uso de diversos
recursos vocais para acentuar essa característica.
Sua interpretação é tão marcante que
chega a interferir nas músicas e como se seu gosto, estilo e imagem pública
pudessem evidenciar os elementos inscritos em uma canção. Sua voz é sempre cúmplice suas primeiras interpretações me
lembram as antigas cantoras de rádio. Ela cantava sorrindo e as vezes era
irônica, podia cantar também malandramente, improvisava e as vezes no meio de
uma música soltava uma gargalhada. Acho que Elis é muito maior do que qualquer
rótulo e sempre preferiu a complexidade da fluidez seja em sua identidade
artística, quanto na forma como pensou o Brasil, a cultura brasileira, o
cotidiano, a indústria cultural ou mesmo a política. Embora suas apresentações
tenham um que de um espírito revisionista.
Sua figura é de alguém que sempre
primou pelo aperfeiçoamento, a versatilidade, o domínio técnico combinado com a
espontaneidade e a embriaguez equilibrista sendo uma referência para outras
cantoras suas contemporâneas ou de gerações posteriores. Elis parece ter
criado uma gramática do canto, onde várias intérpretes, não só brasileiras
fariam seus estudos. Nesse processo, atravessaria fronteiras temporais, como alguém
que deve ser lembrado a partir da excelência alcançada e largamente aclamada
pela crítica.
Como
essa lembrança vem de uma necessidade do presente, não podemos considerá-la
apenas como um rastro do passado, mas sim como algo que, a partir das práticas
deste presente, atualiza-se, ganhando novo sopro de vida com as diversas
reedições de sua obra chegando até a minha geração e provando a longevidade de
seus discos. O que fazem dela uma Elis, para sempre Elis.
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