Vivemos em um momento histórico específico em
que o supérfluo e o exagero fazem parte do cotidiano da vida das pessoas, e não
falo aqui somente dos altos padrões de consumo, mas de atos da vida diária como
um todo, o que pode ser atestado pelo número de publicação de eventos banais
postados em redes sociais, na internet que vão desde o prato que comem, passando pelo que
vestem ou de onde estão, o que importa ao que parece é a exposição barroca e
gratuita.
Diante disso me questiono sobre uma pergunta simples: O que é a simplicidade? Me reporto
aqui a uma simplicidade vista enquanto virtude, quiçá a maior de todas as
virtudes, aquela que simplifica a vida como o oposto do falso, presente no
exagero. Não considero aquela simplicidade dos modismos que surgem de tempos em tempos,
como o minimalismo na decoração, na moda, ou na alimentação, para mim são
sinais de modernidade, mas não de simplicidade, pois esta está na base das
maiores qualidades humanas. A simplicidade para ser autêntica não precisa
impressionar.
Essa virtude a que me reporto vai
além do moralismo estéril, da mera aderência a convenções de determinadas
épocas. Quem segue de forma irrefletida princípios dogmáticos de certo e errado
não irá se tornar virtuoso. Virtudes são ideias de busca inerentes a capacidade
de sermos humanos, ninguém pode se arvorar de ser dono nem dos moralismos nem
das virtudes, são caminhos a serem percorridos pela grande jornada que é a
vida.
Fico pensando na difícil arte de
busca pelo simples, em meio ao emaranhado convívio humano, os sábios a fazem a
muito tempo, antes de Jesus Cristo os orientais já se empenhavam nessa busca
pelo ascetismo. Tenho como paradigma de simplicidade, Diógenes, filósofo grego
que viveu no século 4 a.C, para quem a
sociedade humana tinha criado complicações desnecessárias que afastavam o homem
da sabedoria. Para ele ser simples era colocar a razão e a natureza acima das
convenções sociais.
Acredito que a simplicidade é um
antídoto que a nossa época precisa urgentemente. E penso nos textos acadêmicos,
pelo menos os da área das Ciências Sociais que possuem 10% do seu conteúdo
totalmente incompreensíveis, porque caso contrário, pode causar a impressão de
pouca profundidade do pensador. Mas o culto do obscuro, não é somente uma
prática da modernidade, é inerente a própria conduta humana e é o oposto da simplicidade não
precisa saber mais do que realmente sabe, é persistente não desiste de si mesma
ao se deparar com as dificuldades da vida e do universo.