Vivemos
em um momento histórico em que a valorização da aparência e do corpo se
apresenta em seu período mais crucial, onde o investimento na imagem baseada na
aparência é tema central de debate. A precariedade da carne com o
envelhecimento progressivo e o descarte de produtos que alimentam a cadeia da
aparência, permeiam o imaginário social relativo ao descrédito com o corpo real
e com uma aparência menos elaborada.
A busca na atualidade é por um corpo
perfeito onde a aparência trabalhada na aquisição do consumo, é o local de
expressão da felicidade e da representação da identidade social, caminhando
tudo para a lógica da mercadoria do sistema capitalista. Vivemos em uma época
em que o corpo além de ser cultuado é coisificado, a TV, o cinema, a medicina, a
publicidade, a moda, os esportes asseguram seu sucesso, sua valorização, e
colocam a aparência corporal como núcleo do glamour,
da prosperidade, da saúde e da felicidade humana.
Esse entendimento é contraditório
com a realidade cotidiana que se apresenta de forma instável, caótica e
incerta. A contemporaneidade apresenta um cenário de desemprego, violência,
miséria, doenças, crises econômicas e ecológicas. A realidade do mundo da fama
e o espetáculo das imagens contribuem para que o próprio corpo seja considerado
a única coisa que resta ao ser.
A reflexão em torno da temática da
aparência se mostra mais relevante se for levado em consideração os indícios
que a sociedade contemporânea capitalista apresenta em toda parte, com a
crescente obsessão pelo corpo, a aparência e a imagem que será projetada a
partir disso. Não se trata de qualquer corpo, mas de um fabricado, construído,
que apresente uma saúde perfeita. A aparência tem que ser fundamentada além do
básico e o que passa a valer é a uniformização de produtos que representem luxo
e glamour. A moda é a padronização
dos usos desses produtos que constroem a aparência calçada na cultura do
consumo.
Nesse sentido, a cultura da
aparência ganha espaços significativos na contemporaneidade, através dos meios
de comunicação. O assunto circula na pauta de jornais e revistas, encartes de
cultura e programas publicitários. Além disso, a obsessão atual pela construção
da aparência como resposta a instabilidade, fragmentação e efemeridade marcam a
vida social, ajudando no entendimento da centralidade assumida pela cultura da
aparência na sociedade contemporânea. Neste sentido, a mídia é um elemento
influenciador, pois apresenta um desejo de modelo corporal dito ideal. A
preocupação com a aparência atinge traços de obsessão e está cada vez mais
enraizada em todas as profissões e idades.
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