Dizer que feijoada é comida de
escravos é puro folclore. Os historiadores comprovaram que na verdade, quem
comia esse prato que é uma instituição nacional brasileira era a elite. A
comida dos escravos consistia de feijão aguado coberto com farinha de mandioca,
e quando tinham sorte levavam dentro um pedaço pequeno de carne seca.
Quem trouxe para o Brasil o hábito
de comer feijão com linguiça, orelha e pé de porco foram os colonizadores que
vieram do norte de Portugal. Os cozidos são comuns na Europa desde a época dos
romanos que já comiam carnes cozidas com legumes e feijão branco, mas
tornaram-se mais populares com a invasão moura dos anos 700. Daí vieram também
o cassoulet francês, que leva feijão
branco, linguiça de porco e carne de pato.
Quando chegaram ao Brasil, porém os
portugueses encontraram feijão-preto, que aqui existia em fartura, pois é de
origem sul-americana, e a troca foi feita com satisfação e vantagem, já que o
feijão preto é mais saboroso. E assim nasceu a feijoada a brasileira. O mais antigo registro escrito do prato, é
de um anúncio no Recife, no Diário de Pernambuco de 1833, no qual informa que o
restaurante do Hotel Théâtre, servia feijoada as quintas feiras. Em 1849, o Jornal do Comércio do Rio de janeiro,
anuncia que o Novo Café, serviria a bela
feijoada a brasileira.
No tempo do Império a feijoada era
comida dos ricos, porque os miúdos eram considerados iguarias. Um recibo de um
açougue na cidade de Petrópolis comprova a compra pela Casa Imperial de carne
bovina fresca, porco, linguiça, chouriço, rins, língua, coração, pulmões e
tripas.
A feijoada que conhecemos hoje
acompanhada de arroz, laranja, couve, farofa
e torresmos, foi criação do restaurante carioca G. Lobo, no final do
século XIX. Era chamada de feijoada completa e a partir dali se expandiu para
outras cidades e Estados brasileiros sempre tendo por base o feijão preto. O
que varia um pouco são as carnes de acordo com as preferências de cada região.
Prato brasileiríssimo e embaixador de nossa cultura nacional.