Sou do
sertão, e só vim conhecer o mar, quando já entendia de mim, e das minhas
principais predileções, deve ser por isso, que quando lá estou e sinto sua
grandeza física, energética e mística tenho uma trilha sonora que emoldura esse
pensamento, as músicas do baiano Dorival Caymmi, notadamente, aquelas que falam
do mar. Caymmi é um dos mais célebres músicos brasileiros, suas músicas são
construídas, para exaltar sua querida Bahia, o mar e a mulher brasileira. Seu
jeito meio ocioso lembra o cansaço que a maresia traz e as inevitáveis viagens
que fazemos para dentro de nós mesmos.
Caymmi é o
artista figurativo, aquele que cria de forma harmônica crônicas e versos de
inspiração folclóricas. Suas canções trazem: equilíbrio, ordem, beleza
clássica, regularidade, harmonia liberta de amarras formais, e um tanto de
sabor evocativo do samba urbano.
Suas canções
têm tamanha poeticidade, soam tão naturais que parecem acontecimentos vindos da
natureza, com um que de brasilidade e baianidade. A sua voz é grave, porém
mansa, chega a lembrar um canto erudito. Os seus ritmos e gêneros eram comuns
aos pescadores da Bahia. Suas canções retratavam a crônica de uma época a
linguagem de uma gente. Como na música Vida
de negro é difícil, é difícil como o que (Retirantes), composta por ele e
Jorge Amado. Trilha sonora da novela Escrava
Isaura da TV Globo.
O
interessante de sua obra é a permanência e a vitalidade que ela desempenha no
presente, têm relevância estética além do período em que foi produzida. O seu
espaço canônico reservado na música brasileira ao lado de outros como Ari
Barroso ou Noel Rosa é incontestável. Por fim fico com o conselho de João
Ubaldo Ribeiro escutai Caymmi ele não quer que decifres nada a não ser vós
mesmos, como é a empresa sagrada dos grandes poetas. E por tudo isso, fico
com seu verso mais bonito é doce morrer no mar.