Aprendi nas Ciências Sociais que o
homem é um ser gregário por natureza, ou seja, é preciso está junto para se
fortalecer, o grupo social é mais forte do que o indivíduo isolado, sozinho, é
a velha máxima “juntos somos mais fortes”. Com os grupos sociais se criam os
mitos, os hábitos, os costumes, dentre eles um evento curioso é a negação da
finitude da vida. Nos mais diversos grupos sociais se discute que a vida não se
encerra meramente com a extinção da vida física, acredita-se na existência de
um mundo metafísico capaz de prolongar a vida com todos os seus ônus e bônus.
Mas como agir na vida quando nos
deparamos com situações que trazem a iminência de sua finitude como uma doença
séria? Foi nisso que pensei quando recebi o diagnóstico de câncer, e a vida
como fica? Fora os avanços da ciência que dão uma margem de esperança
considerável algumas atitudes devem ser pensadas, não se devem esperar
resultados, mas fazer as respostas. Temos dificuldade de pensar na ideia da
morte, negamos nosso fim a todo momento.
A perspectiva do fim mobiliza o
apego e o desejo de usufruir intensamente a benesses da vida. Uma coisa que
aprendi sobre o fim é que esquecemos que tudo está se modificando
continuamente, a cada minuto as células do nosso corpo se transformam, mudam,
morrem. O que os mitos fazem é criar a ilusão de que nada muda, isso se dá
através do trabalho, do estado civil, da vida amorosa.
O inevitável porém, são as mudanças,
temos que nos despedir de cada imagem que criamos, e da própria ideia que
fazemos de nos mesmos, entendi que a cereja do bolo de minha vida é formada
pelas pequenas coisas como acordar fisicamente bem, ouvir música, escrever, ler
ouvir pessoas, é das pequenas coisas que a vida é feita e é por isso que vale
tanto viver.