Descobri o quanto que eu gosto do
Brasil quando tive a oportunidade de morar fora e vi que era inconcebível morar
em outro lugar. Dentre as coisas daqui a música, a letra, as cores, os ritmos e
as alegrias são peculiares. Quando criança via meu pai e minhas tias cantando os
sambas de Carmen Miranda, e suas músicas me remetem ao melhor da vida, a
infância.
Carmen Miranda nasceu no início do
século XX, entre 1930, quando despontou para o sucesso com a música Taí, a 1939
se moldou como estrela e foi a maior: no rádio, cinema, palcos e casinos do
Brasil. Digo sem nenhuma dúvida que até então, nenhuma outra mulher foi tão
famosa, querida pelo público, disputada pela imprensa e desejada pelos homens,
quando ela.
Carmen mostrou que o Brasil era uma
terra de pessoas alegres, sua alegria segundo Ruy Castro, seu biógrafo mais
proeminente, contagiava à todos, o samba cantado por ela, moldou a nossa identidade
e o carnaval de rua, que Carmen tanto gostava, com seus blocos e fantasias, a
nossa festa por excelência. Sambas como : Tico
Tico no Fubá; O que que a baiana tem; Mamãe
eu quero; camisa listada lembram o
Brasil em qualquer lugar do mundo onde forem tocados.
Quando foi para os Estados Unidos aos
30 anos já era uma fenômeno e já tinha identidade própria e originalidade,
basta ver suas roupas de palco, com a indefectível baiana. Em Nova York o
mercado mais disputado do mundo, levou pouquíssimo tempo para conquistar os
americanos, da moda a companhia todos queriam vê-la e ouvi-la. Com o cinema,
seu nome alcançou dimensão mundial.
Seu personagem mais notável é a
baiana e através dela o mundo descobriu o Brasil, se fez diva e estrela num
espaço em que os latinos são discriminados, teve a perspicácia de cantar o povo
e as coisas de sua terra, afora o que fez para o mercado comercial, veio ao
mundo para trazer alegria e cantar o Brasil, como nos versos da canção de Ari
Barroso: O Brasil do meu amor, terra de
nosso senhor; Brasil pra mim, Brasil...