Fiz mestrado em Desenvolvimento e
Meio Ambiente, quando comecei a dá aulas a temática que mais me interessou
foi o desenvolvimento urbano, principalmente as criações do paisagista Roberto
Burle Marx que com Oscar Niemayer e Lúcio Costa formou o trio central do
modernismo arquitetônico brasileiro. Sua obra é tão notável que quando
observamos milhares de pessoas desfilando no calçadão de Copacabana no Rio de
Janeiro, um dos maiores cartões postais do país fica difícil deixar de notar
que o desenho ondulante das pedras do passeio dialoga perfeitamente com a
própria baía e o pão de açucar ao fundo.
O interessante é que a curva da praia não dialoga somente com o piso da calçada mas também com as árvores plantadas
na ilha central da Avenida Atlântica e com os jardins calculadamente dispostos
ao lado dos prédios. Vista do alto dá a ideia de uma pintura modernista. O
brasileiro Roberto Burle Marx (1909-1994), ajudou a desenhar também com
plantas, flores e lagos, alguns dos endereços mais divulgados do Brasil como o
Aterro do Flamengo no Rio de Janeiro, o Parque o Ibirapuera em São Paulo, e o
conjunto da Pampulha em Belo Horizonte.
Burle Marx, sempre entendeu que ao
artista, vale a mesma máxima que a distância, no caso atemporal ajuda a mostrar
a real dimensão das coisas. Juntamente com Oscar Niemayer forma os elementos do
nosso modernismo arquitetônico, com características próprias que vai além do
racionalismo em voga na época na Europa por Le Courbisie. Além do instável em
sua obra ele é ainda inovador por: incluir aos jardins um caráter pictórico;
incorporar plantas a sua criação, atitude pioneira na década de 1930; precursor
do pensamento ecológico na década de 70; fez do jardim uma experiência estética
para criar sensação.
Uma coisa é certa não houve no mundo
quem levasse a estética moderna para o paisagismo como fez Burle Marx, daí sua
dimensão; as curvas que surgiram depois das construções de concreto armado de
Lúcio Costa e Burle Marx apareceram pela primeira vez nos jardins de Burle
Marx. Admirar os seus jardins é perceber seus contrastes texturas e volumes.
Ele abandonou o modelo quase estático europeu em que predominavam as rosas
azaleias e magnólias. Para se aproximar a criações mais livres que se assemelham
a própria mata virgem.
Eu particularmente gosto de sua
obra e o que sempre procurei mostrar aos meus alunos foi que sua experiência do
jardim é toda ela feita de ritmos. Como experiência física põem em cheque toda
a experiência do corpo, sua verticalidade. É uma peça em puro deleite para
deixar os sentidos em forma de amostra. Considero-o modesto e em uma das
entrevistas que deu ao longo da vida, disse que foi poeta de sua própria vida.
E o interessante é que com sua poesia mudou os parâmetros da arte moderna no
país, provocando até hoje um deleite aos nossos sentidos.