Jazz é um ritmo encantador, daqueles
que é impossível ficar triste, ouvindo. Eu acredito que é o melhor da música
americana e tem origem nos escravos africanos, começou a ser chamada assim nos
anos 1910 e 1920. A distinção e beleza de sua música está relacionada a
miscigenação, a suas notas dissonantes são oriundas de notas ornamentais ou
armazenamentos. Sua essência é a música vocal e mesmo a execução instrumental
quase sempre imitam a voz humana.
Estudiosos do assunto como Erick Hobsbawm,
afirmam que o contexto social do afro norte americano foram fundamentais para a
sua produção musical refletindo aspectos culturais de busca em preservar sua
música e suas características ancestrais oriundas do contexto africano. Seu
surgimento se deu para o entretenimento dos trabalhadores pobres e o
crescimento das grandes cidades. É uma música democrática por excelência e
apreciada inicialmente pelos menos intelectuais e especialistas.
Dentre os considerados notáveis
escuto dois, Louis Armstrong (1901-1971) e Ella Fitzgerald (1917-1996), que
apresentam um mundo maravilhoso de notas, melodias e vozes que são universais. O que mais gosto em Armstrong, é a capacidade
que ele tinha em adiantar ou atrasar notas, mudar a melodia, colocar a voz,
fazer efeitos vocais, improvisar ou adiantar uma improvisação. Sua técnica no
trompete é notável e ouvi-lo é diversão garantida. Ella é a diva negra de voz doce
e incrível, com entonação de menina, técnica vocal apurada com capacidade de
percorrer escalas além de cantar com incrível alegria.
Ouvi-los é para mim uma experiência
única, é como se eu fizesse um passeio a esquina acompanhada por eles, ou uma
viagem internacional na primeira classe de uma big-band. Quem me leva pela mão nesse passeio, são os instrumentos
melódicos (piano, trompete do Armstrong, bateria e baixo) e suas vozes
harmoniosas. Como todo bom passeio, vou bem longe e volto segura, um pouco mais
feliz, mais viva e sempre querendo mais.