O samba é a expressão mais autêntica
da música brasileira, minha primeira lembrança musical são os sambas da década
de 1930 que meu pai cantava. Selecionei quatro dos mais especiais do Noel Rosa
(1910-1937), são sambas híbridos que misturam refrão de marchinhas
carnavalescas e ginga do samba.
Com que
roupa (1930) na interpretação do próprio Noel- samba sincopado, com ritmo que lembra exatamente o modo de
perguntar com que roupa? Foi o primeiro sucesso de Noel, dizem que a origem do
samba foi o fato de sua mãe ter escondido suas roupas quando ele ia para a
boemia. Gosto de sua interpretação porque parece mais longa, além de dá a
impressão que o próprio Noel está me repassando um recado.
Até
Amanhã (1932) na interpretação de João Petra de Barros- acho um samba triste dos mais belos que a
despedida já inspirou. Tanto a letra quanto a melodia transmitem dor e
vibração. Como o melhor da música a despedida pode também ser alegre e contagiante afinal, o abandono é provisório “até amanhã se Deus
quiser”...
Fita
Amarela (1932) na interpretação de Mário Reis- Noel queria dizer que há alegria no samba e alegria na morte
desde que ambos se integrassem na cerimonia fúnebre. Gosto da ideia que a morte
poderia ser celebrada nos dias de carnaval como qualquer outro acontecimento
cotidiano.
Palpite
Infeliz (1935) na interpretação de Aracy de Almeida- segundo os historiadores Noel usou dessa
música para desqualificar seu colega Wilson Batista que ousou falar mal da Vila
Isabel. O que mais gosto na canção é a sua atriz entoativa vinculada a fala,
além da ideia que seu destinatário foi reduzido a zero.
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