A arte do Brasil por excelência é a
música popular. Este é o país de Noel Rosa, Pixinguinha, Ernesto Nazareth,
Chico Buarque. Tom Jobim é o maior compositor popular num país de compositores
populares. Tom Jobim é o grande artista brasileiro é o nosso Beethoven. Ele era
um virtuose da composição, um mestre em dizer coisas usando as diferentes
formas de canção. Para falar do doce balanço a caminho do mar, compôs um samba
com batida igualmente rebolante.
Muitas de suas canções são
verdadeiros mergulhos na tradição da música brasileira. A popular canção Luiza é uma valsa brasileira. Sua
habilidade não era fruto de uma intuição prodigiosa como Noel Rosa, mas de
muito estudo e disciplina. Tom é um dos poucos compositores brasileiros que
escrevia seus próprios arranjos. Suas influências, segundo ele próprio, eram
Debussy, Villa Lobos, Stravinsky e Chopin.
Ele começou sua carreira ja pronto,
aos 29 anos para fazer a trilha do musical Orfeu,
em cima de versos de Vinícius de Moraes. Tom Jobim é o autor das músicas de
30 acordes e dezenas de dissonâncias que todo o mundo assobia. Tom mostrou ao
mundo um Brasil elegante, o país continuava a ser uma praia latina, mas essa
praia tinha o charme das canções suaves, em lugar dos sambas rasgados ou
boleros derramados.
O Tom que renovou a música popular
incorporando elementos da música erudita se tornou algo próximo de um
compositor de música clássica. Chegou mesmo a projetar um concerto para violão.
Não concretizou suas intenções nessa área, mas também não precisava disso para
permanecer. Ele fica na história não como um Beethoven de segunda, mas como um
Tom de primeira, o número um na especialidade a que se dedicou: seduzir e
fascinar as plateias com excelente música popular, essa arte da banalidade que
umas poucas vezes atinge o nível do sublime.
Nenhum comentário:
Postar um comentário