O século XIII foi o período das
grandes catedrais nas quais quase todos os campos da arte tinham o seu lugar. O
trabalho por esses gigantescos empreendimentos se estendeu por todo o século
XIV. No fim do século XII quando o estilo gótico começou a se desenvolver a
Europa ainda era um continente de população esparsa e basicamente camponesa
onde os principais centros de poder e aprendizagem eram os monastérios e os castelos
dos barões.
A ambição dos bispos de ostentar
suas próprias e pungentes catedrais foi o primeiro sinal de orgulho cívico que
despertava nas cidades. 150 anos depois esses centros urbanos se tornarão
fervilhantes centros comerciais, onde os burgueses se sentiam cada vez mais
independentes do poder da Igreja e dos senhores feudais. Até os nobre abandonaram
a vida de sombria reclusão em seu mundo fortificado.
No século XIV os construtores
góticos não se contentavam com o estilo das limpas e majestosas catedrais mais
antigas. Gostavam de exibir sua pericia na decoração e na complexidade dos
rendilhados. O que fico imaginando como que com técnicas tão reduzidas para a
época foram capazes de criar edifícios tão imponentes? Acredita-se que usaram
fórmulas químicas hoje desaparecidas que deram aos vitrais tonalidades únicas e
irreproduzíveis. Suas formas são desenhadas com base em complexos cálculos
matemáticos e astronômicos que dão proporções cósmicas ao mutismo religioso.
O mais interessante nesse mundo
místico, poderoso, oponente e silencioso da arquitetura gótica é a incrível
resistência das catedrais, as intempéries, aos ataques insidiosos do clima, a
violências como bombardeios e a sua elegância inconteste num período em que o
mundo parece rumar para uma realidade caótica. Elas continuam de pé e nos
emocionando contestando o nosso entendimento de ciência e técnica.
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