Sempre
gostei de Almodóvar, seja pelos temas, o uso predominante da cor vermelha e
principalmente pela estética diferente do que estamos acostumados dentro dos
padrões americanos. Vi Volver em 2006
no seu lançamento no cinema, revi agora com uma visão mais madura, para ver quais
as minhas impressões. A produção marca uma série de retornos para o cineasta,
ao seio materno, a infância, ao universo feminino, ao ambiente da parte de
Barcelona onde nasceu, além da atriz Carmen Maura, fetiche do início de sua
carreira.
O
filme fala de três mulheres, Raimunda (Penélope Cruz) que tem o marido
assassinado por sua filha após a jovem sofrer uma tentativa de violência
sexual, sua irmã Sole que ganha a vida como cabelereira e sua mãe Irene (Carmen
Maura), que, depois de dada como morta surge como uma aparição, primeiro
para Sole e depois para Raimunda que tenta se reconciliar por erros do passado.
Almodóvar
é tão importante para o mundo cinematográfico que se transformou num adjetivo, nesse
sentido, vejo-o perto de grandes como Felini e Hitchcock. Para o cinema atual
ele representa o mesmo sentido que esses outros cineastas incorporarão no
passado: um autor para as massas com idiossincrasias assimiláveis pelo grande
público, um realizador que frequenta com a mesma desenvoltura o Oscar americano
e a Cinemateca francesa.
O
que mais gosto em Volver é o
casamento do fantástico com o cotidiano, é marca característica de sua obra
filmar com graça e naturalidade as situações e os personagens mais absurdos,
isso pode ser visto em Irene que ao ser considerada morta volta a sua terra
natal, para resolver questões pendentes. Até a cena em que Raimunda limpa o
sangue do marido morto é filmada de forma magistral. Volver faz bem aos olhos e alimenta a magia cinematográfica, filme
de primeira e que valeu a pena ser revisto.
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