Quando chegou a terras brasileiras,
o engenhoso instrumento de Daguerre, causava admiração a facilidade com que se
obtinha, se conservava e se mantinha a imagem. A necessidade por uma
experiência visual era uma constante, numa sociedade em que a maioria era
analfabeta tal artifício possibilitaria um conhecimento mais rápido, mais
generalizado, possibilitando também que os grupos pudessem se auto representar.
A fotografia que se ambicionava era
a de paisagem, e está se aproximava aos cânones da pintura romântica. A partir
de 1862, os fotógrafos do Império participaram de exposições universais e
receberam prêmios. Foi o período da pose por excelência, os preços da
fotografia eram módicos e um trabalhador poderia tirar uma foto no centro do
Rio de Janeiro.
No Brasil ganhou grande público a
foto pintura que fornecia um ar aristocrático a fotografia e a aproximava da
pintura a óleo. Fazia sucesso também os retratos em porcelana, que era dado a
parentes e amigos como lembranças da pessoa retratada. As idas ao fotógrafo não
era frequente iam-se geralmente de uma a duas vezes por ano.
Nenhuma família se interessou tanto
por fotografia quanto a imperial, D. Pedro II é citado como grande incentivador
da fotografia. As fotografias pertencentes a família imperial, incluem uma gama
variada de temas: desde os retratados posados mais formais, passando pelas
imagens do cotidiano e indo até a acontecimentos formais do Império.
Além da família imperial, a
clientela dos estúdios era formada pela classe senhorial agrária e pela
população urbana, enriquecida pelo comércio e serviços prestados a burocracia
imperial. Uma das imagens mais comuns retratadas nessa época que chegaram até
nós é a de escravos que era produzida dentro e fora dos seus ateliês. Os
escravos apareciam em atividades cotidianas, encenadas no estúdio do fotógrafo,
em outras, pousavam em trajes bem cuidados as mulheres com turbantes e os
homens de terno, sempre descalços, marca indelével da escravidão.
Encontramos registros fotográficos
que recriam com precisão o cotidiano da sociedade da época como vendedores
ambulantes em sua maioria negras, de frutas, doces e fazendas. A reprodução do
trabalho das fazendas ficou conhecido internacionalmente, com reprodução do
trabalho em fazendas de café, amas de leite, vestidas com elegância com a
criança nos braços e negros idosos com o aspecto cansado por não terem sido
donos da própria vida. O interessante é como a retratação em preto e branco
expressa a melancolia e a riqueza desse período, mostrando como a fotografia é
importante para notificar a cara de uma sociedade.
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