Pulp
Fiction (1994) de Quentin Tarantino é o tipo de filme que gosto de quase
tudo, dos diálogos, dos atores, da música e sobretudo, da irreverência
sarcástica. São os diálogos que conduzem o filme. O boxeador profissional Butch
(Bruce William) acaba de matar um homem no ringue e vai para o hotel onde está
sua namorada, ele tem que fugir dos pistoleiros (Samuel L. Jackson e Jonh
Travolta)do gângster Marcelus, ganhou dinheiro, mas só consegue salvar sua vida
se conseguir fugir deles. Nesse momento de desespero, o diálogo entre Butch e a
namorada não é óbvio, ela fala de coisas inusitadas como a vontade de ter uma
barriga.
Se fosse num enredo convencional,
Butch falaria para ela o que estava acontecendo, e o diálogo seria conduzido
pelo enredo. A conversa é aparentemente irrelevante para estabelecer a
personalidade dela e o relacionamento entre eles. É uma diálogo sempre cheio de
alusões.
Os diálogos preparam para as cenas
vindouras, como a discussão banal sobre um sanduiche de queijo, para falar de
como Marcelus atirou num homem do quarto andar porque ele massageou os pés de
sua mulher. Essa é a preparação que Tarantino faz para quando Vicent (Jonh
Travolta), leva Mia (Uma Thurman), para sair e ela acidentalmente sofre uma
overdose e ressuscita no fornecedor de drogas de Vicent com uma injeção de
adrenalina no coração. Imaginei que essa cena seria repulsiva, mas na verdade
não o momento da agulha entrando é cortado e atenção é desviada para os
espectadores, uma cena grotesca acaba virando comédia.
O que mais gosto é que Tarantino usa
o tempo todo, planos gerais abertos, surpresas, cortes, e o contexto do diálogo
para o filme parecer menos violento do que ele realmente é. Brinca com a
cronologia, o assalto ao restaurante inicia e fecha o filme, e outras linhas de
história entra em sai sem nenhum sentido cronológico.
Para mim, a grandeza do filme está
nos personagens originais (essencialmente cômicos), uma série de eventos vivos
e meio fantasiosos, e fundamentalmente pelo diálogo que é a base de todo o
filme. Os personagens de Pulp Fiction estão sempre falando e são sempre
interessantes, engraçados, assustadores ou audaciosos. Digo sem medo de errar,
filme de violência que mesmo carregado de tensão consegue passar uma diversão
incrível como na cena em que Jonh Travolta e Uma Thurman dançam no concurso de Twister. Diversão cinematográfica das
melhores.
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