Gosto de Vinícius desde sempre é
daquelas paixões antigas que não lembro como começou nem porque começou. Escuto
suas músicas quando estou triste e quando estou feliz, seu lirismo preenche o
meu ser, me acalma, me dá a sensação de que sou acolhida, que tudo sempre vai
ficar bem, já li sua atuação como diplomata, suas poesias e suas críticas de
cinema, assim como, as suas histórias de amor. Vinícius é tão grande para mim,
que desde outubro último quando ele faria cem anos que questionava como iria
escrever algo sobre ele. Tive uma ideia, revi o documentário sobre ele para
poder sistematizar linearmente seu percurso de uma vida bem vivida.
Vi o filme Vinícius (2005) de Miguel
Faria Júnior, logo no lançamento e lembro que quando fui entrando no cinema o
cartaz já me contagiou com a citação em
que dizia: quem pagará o enterro e as
flores se eu morrer de amores. Vinícius foi um ser humano multifacetado:
poeta, dramaturgo, diplomata, jornalista, cantor, compositor, crítico de cinema
e sobretudo, apaixonado pelas mulheres, acredito ser daí que reside o seu
charme imortal. O filme recorda as inúmeras histórias que parentes e amigos tem
para contar do poetinha.
Foi elaborado uma excelente pesquisa
de imagens de arquivo desse que é um dos mais intrigantes personagens da cena
brasileira. O elenco traz vários entrevistados que a época da Bossa Nova e dos
Afro sambas eram somente uma turma que cantava e tocava diferente, hoje são os
grandes nomes da MPB. Um dos depoimentos que mais gosto é do Chico Buarque,
porque é feliz, sentido, entre os muitos sorrisos ao falar do amigo, do parceiro
musical; Maria Betânia lembra quando apresentou a amiga Gessy a ele, que se
apaixonou a primeira vista por aquela que viria ser a esposa de número sete,
responsável por leva-lo a praia de Itapuã. Os demais amigos o recordam com o
mesmo bom humor que tinha em vida.
Com interpretações de canções e
poesias suas, ele é invocado por meio de sua obra, o grande mérito do filme é
trazer de volta a vida esse personagem que asperge uma brasilidade e uma paixão
muito intensa. O documentário, toca em algumas feridas principalmente na fala
das filhas deixando a cargo do expectador vê-lo como: beberrão, ou boêmio,
apaixonado ou mulherengo, mais do que isso o filme mantem viva sua memória.
Para mim ele traz alegria e tudo
fica melhor quando escuto os versos é
melhor ser alegre que ser triste, assim como, não há dor de amor que não
seja amenizada no que não seja imortal,
posto que é chama mais que seja
infinito enquanto dure, estando perto de sua obra lembro que o nosso
objetivo maior aqui é a felicidade que para Vinícius era uma gota de orvalho num pétala de flor e que a vida deveria ser
muito bem vivida já que a vida não é brincadeira, amigo;
a vida
é arte do encontro
; embora haja tanto desencontro pela vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário