Um dia li que não sabemos o tamanho
do nosso inconsciente, acrescento a essa máxima uma tentativa de parafrasear
Clarice Lispector, quando esta diz que “não sabemos ao certo qual o nosso
defeito cortar, pois pode ser que ao cortar qualquer um todo o nosso edifício venha a cair. Digo isso
porque não sabemos ao certo qual lembrança devemos cortar para segurar o nosso
edifício inteiro. É certo que o homem é o único animal capaz de expressar
emoções através das lembranças, ao que parece as melhores são sempre aquelas
que nos remetem a infância e aos momentos de amadurecimento psíquico.
Essas lembranças da infância ficam
armazenadas em nossa memória de longo prazo, e desperta um fenômeno de
sensações como algo já conhecido, já vivido que os franceses chamam de déjá vú. Essa capacidade de guardar
parte do passado, salvando-o da perda total é o elo capaz de provocar reflexões
sobre o que fomos, o que fizemos e qual o projeto que queremos para o nosso
futuro.
Penso que essas lembranças são a
garantia de nossa própria identidade, é a representação do nosso EU, é quem
realmente somos. A grande capacidade que a memória tem de armazenar
acontecimentos, pode também assustar, pois como dizia Santo Agostinho temos
medo de esquecer o que de mal vivemos, mas igualmente temos medo de não lembrar
a felicidade vivida. Assim vejo que o bom da vida é que somos essa mistura
entre presente, passado e futuro e as lembranças são as nossas luzes que se
projetam sobre nós mesmos, daí somos hoje o resultado daquilo que fomos nos
passado, assim como, do nosso futuro depende integralmente o que fazemos com o
nosso presente.
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