Essa semana após ler a declaração do Ministro da Justiça, dizendo preferir a morte a passar uma temporada nas cadeias brasileiras, lembrei-me do nonsense (absurdo) que é uma expressão
inglesa para mostrar aquilo que é desbaratado, sem nexo, sem lógica, temos como
exemplo na literatura o conhecido livro Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll. É a negação, o oposto daquilo que alguém vê como sendo a verdade. A
cultura em épocas massificadas e principalmente mundializadas ressalta atos,
falas e ações com caráter muitas vezes bizarro, que no Brasil é tão ao gosto
dos nossos homens públicos.
Na segunda metade do século XX, o
nonsense ganhou as artes, com o teatro do Absurdo que levava aos palcos a
discussão sobre a crise social e moral que passava a sociedade naquele período,
através de dramas insólitos, tentando desnudar a burguesia. Hoje percebo que
esse teatro está mais presente do que nunca, a solidão do homem e sua
insignificância permeia a nossa sociedade.
Os tempos são outros, mas o
burlesco, o absurdo e o insólito não precisa mais de autores nem de atores, são
as pessoas do mundo real que protagonizam as cenas. Essa produção é feita com abundância
em jornais, tevês, revistas e redes sociais. O homem mais do que nunca vive
sozinho, convivendo com seu supremo egocentrismo iluminista.
Só para se ter um exemplo do auge do
burlesco, temos o facebook e o instagram, como supremos espaços onde se
pode falar tudo ou simplesmente como autômatos, reproduzir o que dizem, através
de um simples clique. A ideia é ver e ser visto nesse grande passeio público da
virtualidade.
Fiquei pensando em algumas passagens
dos perfis brasileiros de moças ricas com maior número de seguidores no instagram e vi o que fazem: fotografam
tudo, do que vão comer a roupa que vão vestir, passando pela compras, encontro
com pessoas reais, arrumação da casa, em síntese qualquer coisa que possam
encontrar, não existe sentido é o apogeu do burlesco, para ficarmos só num
exemplo, e assim caminha a nossa sociedade, com velhos novos tempos.
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