Pelo que vejo o que as pessoas conversam,
discutem e desejam penso que a sociedade
contemporânea satisfaz os desejos da abundância e do supérfluo como nenhuma
outra sociedade antes pode fazer. É a sedução das promessas de satisfação. Mas
essa satisfação só se completa construída numa base de insatisfação, ou seja, é
preciso o permanente aliciamento de possuir coisas novas para que a roda do
consumo continue a girar. O que começa como necessidade, termina como compulsão
ou vício.
Hoje
se buscam nas lojas as soluções para aliviar as dores e a ansiedade dos
problemas sociais e interpessoais. A promessa de satisfação que o bem de
consumo oferece deve ser enganosa, ou no mínimo exagerada para que a busca
continue e a demanda do consumo e da economia não possa ser esvaziada.
O
mundo do consumo degradou a duração e promoveu a transitoriedade. O valor da
novidade é colocado acima do valor da permanência. Hoje o lapso temporal entre
o querer e o obter foi extremamente encurtado. A sociedade do consumo não é
nada além de excesso e fartura. A vida dos consumidores é uma infinita sucessão
de tentativas e erros. O que ontem era lixo, ou não estava em alta amanhã será
a nova sensação, tudo convive num ciclo de repetições infinitas.
Vive-se
cada vez mais para ter e não para ser. As relações são virtuais, os bens são
passageiros, os aparelhos eletrônicos são cultuados como semideuses. É a
padronização da vida, onde o ideal é fazer aquilo que está na moda. O que fica
de tudo isso é que nunca tanta coisa foi descartada com tanta facilidade como
se faz nos tempos contemporâneos. Tenho a impressão que o que persiste
intimamente é um vazio que a roda do consumo não consegue preencher.
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