domingo, 9 de junho de 2013

PORQUE VER JANELA INDISCRETA




Ver os filmes de Hitchcock por se só já trazem um alto grau de satisfação cinematográfica se for protagonizado por Grace Kelly então, melhor ainda. Janela Indiscreta (1954) faz parte daquela lista de filme que deveria ser imprescindível de ver, de início impressiona como um cenário simples se transforma ao longo da trama em um ambiente de tensão, suspense e medo.


A história gira em torno do fotógrafo profissional acidentado Jeff interpretado por James Stuart, influenciado pelo ócio do dia passa a observar os vizinhos de sua janela até se convencer que um deles o vendedor de bijuterias matou a esposa enferma, dessa forma tenta provar isso para sua namorada Lisa (Grace Kelly) e um amigo detetive.


Somos no filme mais voyeurs do que em qualquer outro que possamos imaginar, como espectadores temos a exata visão do que o protagonista está vendo através do seu olhar, com a câmera centrada de forma subjetiva, é a temática da vida alheia que fascina e impressiona com diversos tipos e sub tramas dos vizinhos do protagonista. Temos a bailarina, a moça solitária, o pianista, o casal recém casado, o casal com o cachorro, a artista plástica e o vendedor suspeito do assassinato.


O filme se passa lentamente, e as suspeitas de Jeff parecem infundadas até quando um grito surpreende com a morte do cachorro, indicando que algo tem fundamento. Janela Indiscreta apresenta elementos típicos da obra de Hitchcock, como a fotografia sequenciada, o uso da tele objetiva pelo personagem com luz somente nos olhos do assassino deixando-os mais ameaçadores, além das sombras que desenrolam as cenas finais.


Penso que esse filme traduz o que é a experiência do cinema para todos nós ao que parece quanto mais ele observa a vida dos vizinhos, mais se identifica com a sua própria vida, quando contesta os benefícios do casamento, desse modo, imagino quais as medidas que utilizamos na nossa vida, observando a vida dos outros? Para mim a grande mensagem do filme é que o  cinema é realmente uma janela não para os outros, mas para nós mesmos. 

sábado, 8 de junho de 2013

ALIMENTOS DA EVOLUÇÃO





Há alguns anos foi veiculado na TV Globo um programa sobre a evolução humana, os hominídeos pré-históricos, na verdade, tratava-se da tradução original do mesmo programa da BBC de Londres, o que mais me chamava atenção era um tema comum para a Antropologia do uso de carne vermelha na dieta desses primeiros hominídeos que foi capaz de trazer um desenvolvimento maior para o seu cérebro, humanizando-os e possibilitando o domínio de seu raciocínio.


Lendo minha revista semanal encontrei uma matéria que trata da importância dos alimentos para o desenvolvimento do cérebro humano baseado em resultados práticos, assegurando que algumas comidas podem ajudar a ter uma memória melhor e até mesmo aumentar a performance de QI. Isso não é novidade sabemos que a humanidade usou o café, o chá da coca e o guaraná entre muitos.


O que realmente me chamou a atenção foi a correlação feita entre o consumo de leite pelos suecos, que dizem ter o maior consumo per capita do mundo e o maior número de ganhadores de Prêmios Nobel, em compensação a China o país com o menor consumo de leite compensaria a falta desse alimento tomando chá verde que seria um potente antioxidante que melhora as funções cerebrais.


O interessante de tudo isso é que sempre podemos melhorar, já que os cientistas descobriram nos anos 1990, que os neurônios se produzem ao longo da vida, então a base é seguir uma alimentação equilibrada, além da busca incessante pelo equilíbrio emocional. 

sexta-feira, 7 de junho de 2013

QUANDO CONHECI GLAUBER ROCHA





Acho que as Ciências Sociais deveriam servir como base para a grande maioria das profissões, possibilitaria uma abertura maior do entendimento do mundo em que o indivíduo está inserido, para mim um dos conceitos mais caros no entendimento desse mundo é o de estranhamento as coisas que não são comuns a meu entendimento. Uma delas é a estética, com suas sensações do belo, das emoções e das técnicas de arte. Quando conheci Glauber Rocha tive essa sensação de estranhamento estético tão forte que chegou a me causar um certo mal estar.


Fui apresentada a ele através de um livro em que o próprio escrevia cartas para pessoas ligadas a sua vida, após isso, não deixei mais de pesquisar, ler ou ver seus filmes sempre embalada pelo furacão de ideias e novo formato que suas obras trazia. A busca por fazer um trabalho que fosse contrário aos padrões importados dos Estados Unidos que não fosse colonizado, como o próprio Glauber diz já traz por se uma mudança considerável na nossa viciada construção cinematográfica.


Sua filmografia é inquieta como sua vida, é forte como sua personalidade, busca uma identificação genuinamente nacional como o Brasil deveria ser. Sempre achei Glauber Rocha, o menino baiano grande demais para o nosso meio artístico viciado na estética comercial, naquilo que é mais fácil de vender e de ser visto, haja vista nossas barreiras educacionais. Fico imaginando toda a efervescência cultural do Cinema Novo em busca de uma linguagem que se aproximasse do povo e vejo Terra em Transe (1967) uma vigorosa alegoria política do populismo, das ilusões das liberdades de esquerda e da mistura das culturas (africana, índia e branca), se coloca até hoje num grau apurado de atualidade.


Essa busca de uma linguagem nacional causa impacto Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) fortemente influenciado pelas raízes baianas de Glauber, traz o sertão, as mazelas sociais entre os patrões e o empregados, os cangaceiros e toda a carga social que esse cenário representa. Manoel o empregado, símbolo do povo brasileiro escapa, testemunha das teses de suas obra.


Sem medo de parecer lugar comum vejo Glauber como um homem incompreendido em seu tempo, atacado por ambos lados (tanto esquerda, quanto direita), seu mundo era permeado pela onda apocalíptica da decadência. O que não pode ser negado é a influencia da Nouvelle Vague e do Neorrealismo Italiano. O que não pode deixar de ser mencionado ainda é o reconhecimento do valor de suas obras com prêmios como no Festival de Cannes. Glauber é tão grande que uma frase sua não deixa de ecoar em minha mente inventar-se antes que os outros o transformem num mal entendido. 

quinta-feira, 6 de junho de 2013

OS CABELOS ATRAVÉS DA HISTÓRIA





A história do homem é também a história dos cabelos e a relação que estes formam para a personalidade e a identidade corporal do indivíduo. A cabeleira tem sido sustentáculo de poder, de força e de sedução. Na Grécia Antiga cortar e oferecer os cabelos era um sinal de sacrifício aos deuses. Desde os indígenas até a Segunda Guerra Mundial a cabeleira dos  vencidos sempre foi exibida como troféu. Na França de Luiz XV o uso de perucas era a expressão da situação social e do poder.


Para  a mulher os cabelos são a grande expressão da feminilidade, beleza e sedução. O corte de cabelo como punição as mulheres existe desde os tempos bíblicos até a Idade Média, passando pelo século XX. Na França após a ocupação nazista cerca de vinte mil mulheres francesas tiveram a cabeça raspada simplesmente por terem dormido ou serem simpatizantes dos alemães.


As lendas em relação e a realidade em relação aos cabelos femininos fazem parte do imaginário coletivo da humanidade, para mim as mais expressivas são Lady Godiva, aristocrata anglo-saxônica que teria andando nua, coberta com os cabelos como punição aos impostos cobrados por seu marido. Uma outra imagem que para mim é recorrente é a da alemã Olga Benário de cabeça raspada entregue aos nazistas pelo governo de Getúlio Vargas. Não é exagero dizer que o cabelo e o uso deste é a expressão da mulher com o seu mundo exterior, não é exagero ouvir a máxima antes de me apaixonar por ela gostei dos seus cabelos.