quinta-feira, 2 de agosto de 2012

PLATÃO E A BELEZA



            É sempre bom rever e reler as ideias de Platão sobre o mundo, ontem dei aula de Ética e inevitavelmente entrei em campos próprios da filosofia. Na discussão falamos sobre a ideia do bom associado à beleza o que me remeteu a Platão, quando este acredita que o mundo que parecemos observar a nossa volta é uma ilusão. Suponha que observemos várias coisas belas: um pôr-do-sol, uma flor, uma pintura etc. elas diferem de muitas maneiras obvias. Ainda assim, supomos que têm algo em comum: são todas belas.


            Para Platão esse algo é uma entidade a ideia de beleza. Nenhuma coisa particular jamais é perfeitamente bela; poderia ser um pouco mais bela do que realmente é. A ideia de beleza, por outro lado, a própria beleza, é perfeitamente bela.


            As ideias são eternas; belos particulares vão e vêm. A bela flor desabrocha, mas depois murcha e morre. A própria beleza, em contraposição, nem passa a existir nem deixa de ser.


            As ideias para Platão são imutáveis. Nosso juízo sobre o que é belo muda com o tempo. As modas vão e vêm. Mas a ideia de beleza, a própria beleza não se altera. Assim, a beleza é uma entidade que existe além das coisas particularmente belas. 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A CONTRIBUIÇÃO DE PITÁGORAS




            O nosso pensamento racionalista cunhado a partir do Iluminismo do século XVIII, estabelece que só pode ser comprovado aquilo que possa ser mensurado. E essa mensuração só existe através dos números. Pitágoras filosofo grego que viveu de 570-496 a. C. entendia que a matemática era o meio de descobrir verdades sobre o mundo de outro modo impenetráveis.


            Foi dele a ideia de tratar os números como formas tal como aparece até hoje, por exemplo, nos dados. Seu fascínio pela matemática baseava-se na natureza atemporal e universal de suas descobertas. Diferente das verdades sobre o mundo físico, as verdades matemáticas são eternas. Os objetos matemáticos apreendidos pela mente seriam superiores a descrição que temos deles. O mais legal de tudo isso e que para mim causam um fascínio indescritível é o fato dos intervalos de uma escala musical serem razões aritméticas exatas.


            O seu pensamento é tão importante para nós que temos a ideia de que o universo pode ser explicado matematicamente. É sua também a nossa herança de que a matemática é o paradigma genuíno para o conhecimento intelectual, e para o desenvolvimento da ciência tal qual a conhecemos. 


terça-feira, 31 de julho de 2012

REFLEXÕES EM ALMODÓVAR



Como já disse em outros momentos aqui, Cinema é uma arte que me causa profundas reflexões e deve ser por isso que não consigo ver a maioria dos filmes dos circuitos comerciais e de propaganda, sinto uma inquietude que não consigo ficar nem na sala de cinema, sou daquele tipo que vê filme para discutir depois, analisar a fotografia, o estilo do diretor. Cinema não é somente passa tempo. 


Por fugir a estética tradicional, típica de Hollywood, é que sempre fui ligada a Almodóvar, e considero o filme Fale com Ela uma redenção aos excessos anteriores do Diretor. Passados 10 anos do seu lançamento comprei uma cópia em DVD e vi coisas que não tinha percebido anteriormente. O filme foge dos personagens drogados, selvagens e estranhos.


Almodóvar se dedicou a sutileza do mistério, da leitura da mente humana, do amor e de como o homem está dentro das prisões espirituais, físicas e como no filme reais. A trama está centrada em duas mulheres em coma: Alicia, uma bailarina, e Lydia, uma toureira. A cuidar da primeira está o patético Benigno que no início se mostra um zeloso namorado, mas depois se revela um obsessivo macabro que na verdade só conheceu Alycia ao vê-la em coma.


A história de amor vira quase terror, mas também é uma história de lealdade, como do amante de Lydia Marco, e de empatia como nos pede Almodóvar, pela loucura amorosa de Benigno. Uma coisa que eu não tinha conseguido perceber quando vi o filme há dez anos é a centralidade em que o corpo humano é colocado, como um espaço de beleza privilegiado.




Além de provocar reflexões, o filme me colocou em convivência com a cultura espanhola. Por isso é que valeu muito ter revisto Fale com Ela dez anos após o seu lançamento. 

terça-feira, 24 de julho de 2012

VAMOS CUIDAR DO AMOR




            Possuir um amor! Amar! Ser dono de um carinho é como ter constantemente o sol irradiando a alma é a imensa alegria de voar sobre a terra e a arte de andar até as nuvens. É o dom de tornar suave àquilo que é mais duro. É a capacidade de clarear os nossos deveres.


            Nossa existência converte em luz o que existir de mais opaco, e nos alivia do que está dentro e fora de nós mesmas. O amor concilia tudo, e usamos toda nossa energia, material e espiritual nesse grande e profundo bem.


            Quantas vidas são capazes de renascer por amor, quantas ilusões se criam. Cuidemos muito bem do amor que possuímos se ele nasce da menor coisa, também se esvai com facilidade, às vezes a falta de um carinho, outras basta uma simples corrente de ar...


segunda-feira, 23 de julho de 2012

MARC FERREZ E A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DE BRASILIDADE



            Tenho um interesse especial pelo Brasil do século 19, período que considero responsável pela consolidação da nossa cultura e pela nossa formação enquanto nação. É um Brasil que poderia se tornar menos distante através da circulação e da visualização de suas imagens. Apresentadas em exposições as fotografias representavam um elo entre as províncias que iam se ligando no imaginário social como nação.




            Marc Ferrez trabalhou a serviço de diversas instituições do Império. Percorreu o Brasil acompanhando o cotidiano de fazendas de cana de açúcar e café, minas de ouro, construção das primeiras estradas de ferro e transformações urbanas. Esse Brasil formado através das suas lentes mostra um país rico em sua natureza e próspero em sua indústria. Nas fotografias a imagem agrega em vez de separar, e expõem o Rio de Janeiro como principal cartão postal do país, mostram também tipos humanos como escravos e uma série feita com os índios botocudos.





O que se ver em suas fotografias é a imagem de um Brasil ao mesmo tempo exuberante e engajado com o projeto de civilização. É aí que se lançam as bases para que as diversas províncias pudessem criar uma identificação comum e um sentimento nacional. O certo é que as fotografias de Marc Ferrez são partes das estratégias discursivas para formar a noção de uma brasilidade partir das imagens construídas sobre a nação. Por isso vale muito rever e analisar essas imagens.


sexta-feira, 20 de julho de 2012

PARA PODER FALAR




            Já fui de calar sobre o que eu sentia, sofria muito, e é por isso que hoje sou de falar, embora de forma ainda contida, mas falo e nem compactuo mais com aquele tipo de silêncio que é capaz de prejudicar.

            Para a sociedade, onde o ideal é a “boa convivência”, falar o que se sente pode ser visto como uma fraqueza. Ao passo que a absoluta sinceridade é capaz de vulnerabilizar quem assim se posiciona. Perde-se o mistério e a pessoa fica exposta e essa exposição não agrada a ninguém nem nos atrai.


            Se a verdade pode ser perturbadora para quem fala, é libertadora para quem escuta. Todas as dúvidas clareiam e a sensação que se tem é de que finalmente ele sabe. Acredito que a maioria das relações entre familiares, amantes ou amigos, se amparam em mentiras parciais e verdades pela metade. Parece que só conseguimos manter as pessoas ao nosso lado se elas não souberem tudo, ou ao menos se não souberem o essencial.



            Sem a verdade “nua e crua” através da manipulação, a relação passa a ficar doentia, inquieta frágil. Em vez de uma vida a dois passa-se a ter uma sobrevida a dois. Deixar o outro inseguro é uma forma de prendê-lo a nós.



            Economizamos o eu te perdoo eu te compreendo eu te aceito como és, e o nosso mais sincero eu te amo. Hoje vejo que mais do que mentiras o silêncio é uma arma mortal do relacionamento entre as pessoas. Feliz dia do amigo, para quem me ouviu e para quem eu me calei.