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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Volver DE ALMODÓVAR



Sempre gostei de Almodóvar, seja pelos temas, o uso predominante da cor vermelha e principalmente pela estética diferente do que estamos acostumados dentro dos padrões americanos. Vi Volver em 2006 no seu lançamento no cinema, revi agora com uma visão mais madura, para ver quais as minhas impressões. A produção marca uma série de retornos para o cineasta, ao seio materno, a infância, ao universo feminino, ao ambiente da parte de Barcelona onde nasceu, além da atriz Carmen Maura, fetiche do início de sua carreira.



O filme fala de três mulheres, Raimunda (Penélope Cruz) que tem o marido assassinado por sua filha após a jovem sofrer uma tentativa de violência sexual, sua irmã Sole que ganha a vida como cabelereira e sua mãe Irene (Carmen Maura), que, depois de dada como morta surge como uma aparição, primeiro para Sole e depois para Raimunda que tenta se reconciliar por erros do passado.



Almodóvar é tão importante para o mundo cinematográfico que se transformou num adjetivo, nesse sentido, vejo-o perto de grandes como Felini e Hitchcock. Para o cinema atual ele representa o mesmo sentido que esses outros cineastas incorporarão no passado: um autor para as massas com idiossincrasias assimiláveis pelo grande público, um realizador que frequenta com a mesma desenvoltura o Oscar americano e a Cinemateca francesa.



O que mais gosto em Volver é o casamento do fantástico com o cotidiano, é marca característica de sua obra filmar com graça e naturalidade as situações e os personagens mais absurdos, isso pode ser visto em Irene que ao ser considerada morta volta a sua terra natal, para resolver questões pendentes. Até a cena em que Raimunda limpa o sangue do marido morto é filmada de forma magistral. Volver faz bem aos olhos e alimenta a magia cinematográfica, filme de primeira e que valeu a pena ser revisto. 

terça-feira, 31 de julho de 2012

REFLEXÕES EM ALMODÓVAR



Como já disse em outros momentos aqui, Cinema é uma arte que me causa profundas reflexões e deve ser por isso que não consigo ver a maioria dos filmes dos circuitos comerciais e de propaganda, sinto uma inquietude que não consigo ficar nem na sala de cinema, sou daquele tipo que vê filme para discutir depois, analisar a fotografia, o estilo do diretor. Cinema não é somente passa tempo. 


Por fugir a estética tradicional, típica de Hollywood, é que sempre fui ligada a Almodóvar, e considero o filme Fale com Ela uma redenção aos excessos anteriores do Diretor. Passados 10 anos do seu lançamento comprei uma cópia em DVD e vi coisas que não tinha percebido anteriormente. O filme foge dos personagens drogados, selvagens e estranhos.


Almodóvar se dedicou a sutileza do mistério, da leitura da mente humana, do amor e de como o homem está dentro das prisões espirituais, físicas e como no filme reais. A trama está centrada em duas mulheres em coma: Alicia, uma bailarina, e Lydia, uma toureira. A cuidar da primeira está o patético Benigno que no início se mostra um zeloso namorado, mas depois se revela um obsessivo macabro que na verdade só conheceu Alycia ao vê-la em coma.


A história de amor vira quase terror, mas também é uma história de lealdade, como do amante de Lydia Marco, e de empatia como nos pede Almodóvar, pela loucura amorosa de Benigno. Uma coisa que eu não tinha conseguido perceber quando vi o filme há dez anos é a centralidade em que o corpo humano é colocado, como um espaço de beleza privilegiado.




Além de provocar reflexões, o filme me colocou em convivência com a cultura espanhola. Por isso é que valeu muito ter revisto Fale com Ela dez anos após o seu lançamento.