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terça-feira, 31 de julho de 2012

REFLEXÕES EM ALMODÓVAR



Como já disse em outros momentos aqui, Cinema é uma arte que me causa profundas reflexões e deve ser por isso que não consigo ver a maioria dos filmes dos circuitos comerciais e de propaganda, sinto uma inquietude que não consigo ficar nem na sala de cinema, sou daquele tipo que vê filme para discutir depois, analisar a fotografia, o estilo do diretor. Cinema não é somente passa tempo. 


Por fugir a estética tradicional, típica de Hollywood, é que sempre fui ligada a Almodóvar, e considero o filme Fale com Ela uma redenção aos excessos anteriores do Diretor. Passados 10 anos do seu lançamento comprei uma cópia em DVD e vi coisas que não tinha percebido anteriormente. O filme foge dos personagens drogados, selvagens e estranhos.


Almodóvar se dedicou a sutileza do mistério, da leitura da mente humana, do amor e de como o homem está dentro das prisões espirituais, físicas e como no filme reais. A trama está centrada em duas mulheres em coma: Alicia, uma bailarina, e Lydia, uma toureira. A cuidar da primeira está o patético Benigno que no início se mostra um zeloso namorado, mas depois se revela um obsessivo macabro que na verdade só conheceu Alycia ao vê-la em coma.


A história de amor vira quase terror, mas também é uma história de lealdade, como do amante de Lydia Marco, e de empatia como nos pede Almodóvar, pela loucura amorosa de Benigno. Uma coisa que eu não tinha conseguido perceber quando vi o filme há dez anos é a centralidade em que o corpo humano é colocado, como um espaço de beleza privilegiado.




Além de provocar reflexões, o filme me colocou em convivência com a cultura espanhola. Por isso é que valeu muito ter revisto Fale com Ela dez anos após o seu lançamento.