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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A INVENÇÃO DO CONSUMO NO BRASIL




            Quando me reporto aqui a inventar, não significa, criar um Brasil que não existe, mas a partir da proposição de dados históricos, propor uma forma de conhecer o país e construir uma análise crítica de nossa realidade contemporânea. A invenção, ou construção social do consumo trilha esse caminho. Quais os fatores que contribuíram para a construção de uma sociedade de consumo nos anos 1950? São hábitos que modificados contribuíram para o que se considerava como baluarte da modernização do país e a integração deste ao mercado internacional.


            Com o governo de Juscelino Kubistchek, o país ganhou uma aura modernizante e o desejo de comprar produtos industrializados atendia ao slogan de campanha desenvolvimentista de 50 anos em 5. A criação desses novos hábitos era sustentada pela indústria, propaganda e pesquisa de opinião, gerando demandas até então inéditas.


            Vivia-se o período do crédito e o estímulo do consumo. Novos produtos foram introduzidos na vida das pessoas como: automóveis, TV, aspirador de pó, geladeira, enceradeira. Era o passaporte de ascensão para um novo patamar social e estilo de vida.


            Os produtos vão sendo lentamente impostos e seu grau de aceitação era feito através de pesquisas realizadas pelo Ibope. A indústria detinha o patrocínio dos programas de rádio, mídia mais importante da época. Todas as propagandas eram dirigidas ao público feminino, numa aposta que seriam decisivas na resolução das compras.


            Esses novos hábitos, tiveram influência na alimentação. Alimentos até então vendidos a granel, passaram a ser industrializados. Os legumes são enlatados, o consumo de chocolates e refrigerantes se multiplica. O supermercado, ganha o espaço, da venda, do mercado e da quitanda. Marcas como Helena Rubinstein, Avon e Elizabeth Arden passam a ocupar o banheiro das mulheres.


            O interessante dessa época é que foi vendido uma ideia de comportamento em que se ligava o consumo ao novo e ao moderno. A felicidade era o caminho do país, e assim, se construiu a imagem de Brasil país do futuro, pelo caminho da propaganda e da pesquisa, construiu-se um país moderno com a conta paga pelo consumo. O curioso que recentemente essa política se repete com a introdução das classes C e D do país, na rota do consumo.
             
            

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

APARÊNCIA CORPORAL: UMA NECESSIDADE DA CONTEMPORANEIDADE





Vivemos em um momento histórico em que a valorização da aparência e do corpo se apresenta em seu período mais crucial, onde o investimento na imagem baseada na aparência é tema central de debate. A precariedade da carne com o envelhecimento progressivo e o descarte de produtos que alimentam a cadeia da aparência, permeiam o imaginário social relativo ao descrédito com o corpo real e com uma aparência menos elaborada.


            A busca na atualidade é por um corpo perfeito onde a aparência trabalhada na aquisição do consumo, é o local de expressão da felicidade e da representação da identidade social, caminhando tudo para a lógica da mercadoria do sistema capitalista. Vivemos em uma época em que o corpo além de ser cultuado é coisificado, a TV, o cinema, a medicina, a publicidade, a moda, os esportes asseguram seu sucesso, sua valorização, e colocam a aparência corporal como núcleo do glamour, da prosperidade, da saúde e da felicidade humana.


            Esse entendimento é contraditório com a realidade cotidiana que se apresenta de forma instável, caótica e incerta. A contemporaneidade apresenta um cenário de desemprego, violência, miséria, doenças, crises econômicas e ecológicas. A realidade do mundo da fama e o espetáculo das imagens contribuem para que o próprio corpo seja considerado a única coisa que resta ao ser.


            A reflexão em torno da temática da aparência se mostra mais relevante se for levado em consideração os indícios que a sociedade contemporânea capitalista apresenta em toda parte, com a crescente obsessão pelo corpo, a aparência e a imagem que será projetada a partir disso. Não se trata de qualquer corpo, mas de um fabricado, construído, que apresente uma saúde perfeita. A aparência tem que ser fundamentada além do básico e o que passa a valer é a uniformização de produtos que representem luxo e glamour. A moda é a padronização dos usos desses produtos que constroem a aparência calçada na cultura do consumo.


            Nesse sentido, a cultura da aparência ganha espaços significativos na contemporaneidade, através dos meios de comunicação. O assunto circula na pauta de jornais e revistas, encartes de cultura e programas publicitários. Além disso, a obsessão atual pela construção da aparência como resposta a instabilidade, fragmentação e efemeridade marcam a vida social, ajudando no entendimento da centralidade assumida pela cultura da aparência na sociedade contemporânea. Neste sentido, a mídia é um elemento influenciador, pois apresenta um desejo de modelo corporal dito ideal. A preocupação com a aparência atinge traços de obsessão e está cada vez mais enraizada em todas as profissões e idades.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

E O HOMEM INVENTOU À RAZÃO





Desde o século XVIII e em forma acentuada no século XIX, os espaços da ciência pareciam reproduzir os espaços da tradição, superstição e religião. Um dos segredos da modernidade foi o abandono dos mitos, Deus e o Diabo, tradição e religião, o mundo se intelectualiza de tal maneira  que não existe mais espaços para visões e fantasmas.


Nesse mundo em que vivemos o homem passa a ser senhor do seu próprio destino, e a razão aquela medida que seria produto de um cálculo, tem a pretensão de captar, compreender, explicar e ordenar o mundo, essa razão descobre, nomeia, explica e exorciza visões e fantasmas. Descobre que eles não estão no além, mas aqui junto ao homem modificando o seu cotidiano, à luz do dia, transparentes, razoáveis.


Essa modernidade que desconstrói a tradição cria a falsa ilusão de que ele é capaz de desconstruir seus fetiches, criados por ele próprio. O fetichismo é uma fabulação do dia a dia criado por todos nós, são nossas atividades humanas que assustam e nos fascinam. As coisas criadas pelo homem projetam-se diante dele como seres dotados de vida própria, e dai resulta o sentido trágico da modernidade e da razão o homem agora sabe de tudo, e esse tudo é responsável pelos maiores vazios e desvios de nossa época em que o homem é um ser que busca um sentido para tanta explicação de seu próprio mundo. Tem tanta razão que desvenda os fetiches que ele próprio cria, e  esse desvendamento provado o vazio e o isolamento da individualidade moderna.


Nisso lembro de Baudelaire quando descobre que o individuo da cidade está perdido no meio da multidão no grande deserto de homens que existe no mundo moderno, é daí que se revela o que existe de breve, fugaz , aleatório na vida presente, a modernidade para lembrar Bauman é realmente o líquido tornando as relações humanas fluídas e breves.