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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

AS MUDANÇAS QUE O SÉCULO XIX TROUXE





            Sinceramente eu tenho uma predileção pelo passado e em especial pelo século XIX, período que já falei em outros momentos desse blog. O prenuncio transformador desse período aconteceu um século antes com a Revolução Industrial na Inglaterra e as Revoluções americanas e francesas. O direito das monarquias que se arvorava divino, passou a ser contestado e substituído pelas retribuições de riquezas e de privilégios na sociedade.


            O mundo se transformava em proporções nunca antes vistas, navios a vapor, locomotivas, o telégrafo e o telefone encurtavam o mundo. Até então os seres humanos se moviam como a10 mil anos a pé ou a cavalo. Em 1800 uma viagem oceânica entre a Inglaterra e a Índia, contornava o cabo da boa esperança e demorava sete meses, no final do século graças ao navio a vapor esse tempo foi reduzido para duas semanas.


            Nas comunicações as transformações ainda foram mais surpreendentes, cartas viajavam a pé no mesmo ritmo das pessoas. Uma correspondência despachada de Lisboa em Portugal levava dois meses para chegar ao Rio de Janeiro. Impressoras mecânicas, o telégrafo e o telefone mudaram tudo, a informação que antes viajava, agora era transmitida de maneira instantânea através de cabos em torno do planeta.


            As pessoas passaram a ler jornais dominicais, e a opinião como disse Balzac passou a ser em papel e tinta. Foi o século das ideologias como o comunismo, nacionalismo, socialismo e imperialismo, que propunham novos modelos de sociedade e caminhos diferentes para alcança-los. O que essas ideologias tinham em comum era a noção de que era preciso reformar a sociedade e o Estado para acelerar o progresso humano, em busca de uma era de prosperidade e felicidade.


                  O que considero mais interessante desse período é a crença na ciência e na tecnologia como capazes de conduzir o homem a um novo patamar de conhecimento, essa crença só veio a ser abalada com a Primeira Guerra Mundial, na primeira metade do século XX, que mostrou que o homem não era capaz de tudo que se imaginou no século XIX. Acreditava-se que era o momento do triunfo da razão, como instrumento inabalável para explicar não só o funcionamento da natureza, como da sociedade. Deus está morto, concluía Nietsche em seu clássico Assim falou Zaratustra.


quarta-feira, 12 de junho de 2013

E O HOMEM INVENTOU À RAZÃO





Desde o século XVIII e em forma acentuada no século XIX, os espaços da ciência pareciam reproduzir os espaços da tradição, superstição e religião. Um dos segredos da modernidade foi o abandono dos mitos, Deus e o Diabo, tradição e religião, o mundo se intelectualiza de tal maneira  que não existe mais espaços para visões e fantasmas.


Nesse mundo em que vivemos o homem passa a ser senhor do seu próprio destino, e a razão aquela medida que seria produto de um cálculo, tem a pretensão de captar, compreender, explicar e ordenar o mundo, essa razão descobre, nomeia, explica e exorciza visões e fantasmas. Descobre que eles não estão no além, mas aqui junto ao homem modificando o seu cotidiano, à luz do dia, transparentes, razoáveis.


Essa modernidade que desconstrói a tradição cria a falsa ilusão de que ele é capaz de desconstruir seus fetiches, criados por ele próprio. O fetichismo é uma fabulação do dia a dia criado por todos nós, são nossas atividades humanas que assustam e nos fascinam. As coisas criadas pelo homem projetam-se diante dele como seres dotados de vida própria, e dai resulta o sentido trágico da modernidade e da razão o homem agora sabe de tudo, e esse tudo é responsável pelos maiores vazios e desvios de nossa época em que o homem é um ser que busca um sentido para tanta explicação de seu próprio mundo. Tem tanta razão que desvenda os fetiches que ele próprio cria, e  esse desvendamento provado o vazio e o isolamento da individualidade moderna.


Nisso lembro de Baudelaire quando descobre que o individuo da cidade está perdido no meio da multidão no grande deserto de homens que existe no mundo moderno, é daí que se revela o que existe de breve, fugaz , aleatório na vida presente, a modernidade para lembrar Bauman é realmente o líquido tornando as relações humanas fluídas e breves.