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sábado, 16 de novembro de 2013

BAUDELAIRE CONTINUA ATUAL



Revendo o relevante texto As Flores do Mal de Charles Baudelaire, vejo o quanto este continua atual no mundo em que vivemos. Em tempos de Internet e redes sociais, o aspecto da formação da pessoa humana deixa a desejar. A tecnologia ameaça nos isolar das interações mais verdadeiras, a efemeridade da vida atua criando uma agonia em grande parte da população, as quais vivem na razão de submissão a vida, encontrando saídas no fictício cyber espaço e criando angústias das mais diversas naturezas.


Em As Flores do Mal Baudelaire, antecipa essa angústia que a modernidade traz para a vida do homem, percebemos nos poemas sua insatisfação em relação ao progresso da Modernidade, e a substituição do homem pela máquina, o que levava o homem moderno a pensar que estava perdendo a sua própria identidade. O homem moderno estava perdido em sua época, valendo-se de várias identidades para sobreviver.


Para Baudelaire, a modernidade é a reconstrução e a afobação da humanidade na grande metrópole de Paris. Nada para ele é mais moderno do que a vida nas grandes cidades. O que seria então essa modernidade para o poeta? Seria a ideia de conflito, pois, provoca angústia e perda de aceleração, e é aí que reside o centro de aceleração cotidiana da vida moderna.


Baudelaire não vivia nos salões nobres de Paris, mas na vida boêmia francesa, carregada de extravagancias e conflitos que marcou a existência de sua época. Contudo, é considerado um dos maiores pensadores franceses de todos os tempos. Pela sua ousadia, tornou-se modelo para o século XX, influenciando as poesias de cunho simbolista.


Para ele o principal motivo de angustia do homem, é a fragmentação que ele está se deparando por consequência da modernidade. Nosso poeta é tão atual que acreditava que o avanço do moderno no século XIX, tinha rompido o laço de confiança das relações intrapessoais, tudo ficou muito passageiro, artificial, os homens têm medo de se relacionarem com os outros, porque se sentem fragmentados diante das grandes cidades.


Com sua poesia ele mostrou as divergências que a Cidade Luz oitocentista  estava passando, com o belo e o feio, as diferentes classes sociais dividindo o mesmo lugar. Acredito que Baudelaire é pertinente a nossa contemporaneidade e as nossas angústias, uma vez que temos a facilidade de observarmos com facilidade todas as transformações que ocorrem ao nosso redor, não cultivamos mais nossas reflexões, mas, nossos bens materiais, não buscar mais o flâneur pelas cidades, mas pelas vitrines das lojas de grife, assim, percebemos que o nosso flâneur está invertido não queremos refletir, mas possuir.


Seja pela nossa ânsia de nos comunicarmos por meio da comunicação virtual, seja por nossa necessidade de consumir, a angústia moderna permanece, como podemos ver nesse trecho: Sou como o rei sombrio de um país chuvoso, Rico, mais incapaz, moço e, no entanto idoso, [...] Não sabem mais que traje erótico vestir Para fazer este esqueleto enfim sorrir / O sábio que ouro lhe fabrica desconhece
Como extirpar-lhe ao ser a parte que apodrece, [...] (BAUDELAIRE, 1985, p. 295).


Nesse trecho fica evidente a fragilidade do homem moderno que tem tudo, mas não tem nada, sendo jovem percebeu-se idoso porque não pode atuar, as máquinas tomaram o lugar dos trabalhos artesanais. O homem da modernidade é o da incerteza do vazio que o norteia, das aparências que cultiva. O homem contemporâneo, vive de valores efêmeros, fragmentação, angustia existencial, daí, reside a atualidade do pensamento de Baudelaire.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

E O HOMEM INVENTOU À RAZÃO





Desde o século XVIII e em forma acentuada no século XIX, os espaços da ciência pareciam reproduzir os espaços da tradição, superstição e religião. Um dos segredos da modernidade foi o abandono dos mitos, Deus e o Diabo, tradição e religião, o mundo se intelectualiza de tal maneira  que não existe mais espaços para visões e fantasmas.


Nesse mundo em que vivemos o homem passa a ser senhor do seu próprio destino, e a razão aquela medida que seria produto de um cálculo, tem a pretensão de captar, compreender, explicar e ordenar o mundo, essa razão descobre, nomeia, explica e exorciza visões e fantasmas. Descobre que eles não estão no além, mas aqui junto ao homem modificando o seu cotidiano, à luz do dia, transparentes, razoáveis.


Essa modernidade que desconstrói a tradição cria a falsa ilusão de que ele é capaz de desconstruir seus fetiches, criados por ele próprio. O fetichismo é uma fabulação do dia a dia criado por todos nós, são nossas atividades humanas que assustam e nos fascinam. As coisas criadas pelo homem projetam-se diante dele como seres dotados de vida própria, e dai resulta o sentido trágico da modernidade e da razão o homem agora sabe de tudo, e esse tudo é responsável pelos maiores vazios e desvios de nossa época em que o homem é um ser que busca um sentido para tanta explicação de seu próprio mundo. Tem tanta razão que desvenda os fetiches que ele próprio cria, e  esse desvendamento provado o vazio e o isolamento da individualidade moderna.


Nisso lembro de Baudelaire quando descobre que o individuo da cidade está perdido no meio da multidão no grande deserto de homens que existe no mundo moderno, é daí que se revela o que existe de breve, fugaz , aleatório na vida presente, a modernidade para lembrar Bauman é realmente o líquido tornando as relações humanas fluídas e breves.