Freud é tão importante para moldar o nosso pensamento contemporâneo que
todos falam dele, seja quando falamos que uma pessoa é controladora ou permissiva,
ou quando especulamos sobre o significado dos nossos sonhos. Ele era
um intelectual, um excêntrico, um cientista por excelência. Tornou-se tão popular quanto a velha máxima: Freud explica.
A
história tem uma relação complexa com Sigmund Freud, ele é valorizado e
desvalorizado ao mesmo tempo. Ele é idealizado e denegrido. Em 1938, durante
seu último ano de vida, sua mente continuava afiada, e descobriu novos fatos importantes
sobre o inconsciente, a partir de suas conversas foi desenvolvida a
psicanálise, uma nova ciência. E com a psicanálise Freud abriu as portas para o
inconsciente transformando para sempre a forma como vemos a mente humana.
O
fim do século XIX, marcou o Fim da Era Vitoriana um período de muitas
restrições em que qualquer manifestação da sexualidade humana era considerada
ultrajante. Mulheres respeitáveis só iam ao médico acompanhadas. Questões pessoais
nunca eram discutidas na sociedade refinada. Terapeutas profissionais não
existiam e as pessoas com problemas psicológicos não tinham a quem recorrer.
Pacientes com problemas mentais eram colocados em asilos onde recebiam
tratamento antiquado e até bárbaro.
Foi
no meio disso, que em 1886, dr. Freud começou a tratar pacientes com uma
abordagem simples, porém radical. ELE ESCUTOU. Os profissionais da época só
prescreviam, porém não escutavam, eles eram as autoridades e era esperado que
os pacientes obedecessem. Escutar a historia de vida de um paciente foi algo
totalmente novo. O objetivo de Freud foi fazer com que seus pacientes falassem
sobre tudo e qualquer coisa. Em seu consultório nenhum assunto era tabu.
Seu
método era tão revolucionário que invés dele entrevistar seus pacientes cara a
cara ele preferia que eles deitassem em um divã de costas para ele. Pois assim,
eles se sentiriam mais confortáveis para revelar seus pensamentos mais
profundos. Ele introduziu a ideia de inconsciente, pois acreditava que seria
nesse espaço que enterraríamos conflitos como as nossas memórias mais
dolorosas, ou pensamentos considerados inaceitáveis com os quais não queremos
lidar. E isso, pode tornar a vida consciente mais difícil.
Para
ele, o inconsciente seria o nosso EU real, a quem só conhecemos uma pequena
parte. E o que realmente nos faz é o inconsciente, nós somos movidos por
desejos sexuais por exemplo, que são barrados, mas que de alguma forma afeta o
nosso comportamento. O interessante é que essa noção de mente inconsciente é
algo que todos têm que lidar, aceitando ou não, ela não pode ser ignorada.
Ele
descobriu em áreas reprimidas da mente fantasias de incesto, de assassinatos e
ódios reprimidos e introduziu uma outra forma de ver a sexualidade, suas
teorias foram consideradas moralmente ofensivas. Ele uniu ideias revolucionárias, sobre
sonhos, inconscientes e sexualidade em uma nova e radical teoria sobre a mente.
Uma nova ciência, a psicanálise.
Na
opinião popular ele passou aos nossos dias como um guru místico, alguém que
oferecia verdades aos seres humanos. Nos últimos anos Freud tornou-se
dependente de Ana a filha mais jovem a quem passou a analisar, ela era
enfermeira, secretária e filha. Se o objetivo da paternidade é criar e depois
libertar isso não aconteceu nessa relação. Em cartas que os dois trocaram fica
subentendido elementos de uma relação com traços de complexo de édipo, mas, Ana
tornou-se uma mulher determinada, subverteu convenções sociais e tornou-se
mundialmente reconhecida.
Por tudo isso Freud explica: O homem é dono do que cala e escravo do que
fala. Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo...
Sigmund
Freud (1856–1939).