A Espuma dos Dias (França 2013) é daquelas surpresas boas
provando que é possível a produção de bons filmes num mundo em grande parte
mercadológico. O filme baseia-se em importante obra homônima da literatura
francesa de Boris Vian escrita no final da década de 1940. Estrelado por Audrey
Tatou que dispensa apresentação. Colin (Romain Duris) é um homem rico que não
trabalha, passa o tempo envolvido em invenções futurísticas como um piano que
produz bebida de acordo com notas musicais, mesas girantes, sapatos que possuem
vontade própria e um rato que se comporta como ser humano.
Colin
recebe a visita de um amigo (Chick), que costuma gastar todo o seu dinheiro em
livros mas, se relaciona com uma mulher. Assim, ele decide fazer o mesmo e conhece
Chloe (Audrey Tatou) uma bela e encantadora moça eles se apaixonam e se casam.
A felicidade do casal é interrompida quando Chloe se descobre doente de uma
doença rara nos pulmões, Colin abandona a seu estilo de vida e passa a
trabalhar em atividades difíceis para custear o tratamento de Chloe que não
obtém nenhuma melhora.
Desde
a primeira cena percebi que estava diante de algo inovador, diferente de tudo
que eu tinha costumado ver desde O Cão
Andaluz de Buñuel. O filme nos apresenta um mundo ilógico. Pessoas que
voam, casam que diminuem, comidas com vontade própria, carros transparentes e
em formato de nuvens. Procurei metáforas e sentidos para o que o filme
apresenta e senti que assim como a lógica da vida talvez a graça esteja em não
ter muito sentido. Mergulhei numa fuga de conceitos e paradigmas pré determinados,
nesse sentido o filme já vale muito a pena de ser visto.
Gosto
da terminação de Colin em acreditar de forma obstinada que as coisas podem
melhorar, se negando as suas incapacidades e acreditando que a mulher amada
poderá ficar boa. A fotografia do filme é impecável, no início os cenários são
coloridos e fantasiosos, a medida que a história evolui vão se tornando
esmaecidos até o ponto do filme ser terminado em preto e branco.
A Espuma dos Dias é daqueles filmes que ou se ama ou se
odeia, isso pode ser justificado pelo nível de exageros a que propõem. Para mim
faltou alma e uma certa dose de doçura. Em alguns momentos me senti em uma
fantástica fábrica de brinquedos. Mas o filme é bom, encantador, inovador.
Procura romper nossas visões pré-concebidas. Acho que o casal romântico deveria
ter sido mais explorado, mas, mesmo assim gostei, não superou minhas
expectativas, mas recomendo.