História
da beleza de Umberto Eco, é daqueles livros que quando lançado se torna
automaticamente objeto de desejo para leitores vorazes e amantes de livros como
eu. Seja bela sua bela edição, com imagens memoráveis, seja pelo feito de levar
erudição a leitores comuns. São 400 páginas de ideias, textos históricos e
ilustrações. O que realmente me cativou por desejar tanto e comprar a obra, é a
erudição de Eco conhecido por livros como O Nome da Rosa, consegue aqui, ser erudito
sem ser pedante.
O
autor percorre a linha da história para falar sobre beleza, indo por Grécia e Roma Antiga, Idade Média e Renascimento, passando pela estética vitoriana do
século XIX. O livro se apoia em textos de notáveis como Eric Hobsbawm, Dante,
Kant, Hegel e Kafka. Lendo o texto me senti fazendo uma viagem pela história do
homem, da arte e sobretudo do olhar que se tem da estética, que é a apuração da
ideia de beleza.
A
obra anima um espírito que me agrada de sobremaneira, é entender que a beleza
não é um dado absoluto, mas uma variante histórica, geográfica e cultural. Daí
ser traçada essa linha que explica a beleza que vai da antiguidade, a sociedade
de consumo do século XX.
Mas,
observando História da Beleza, apesar de Eco, não o considerar assim, tenho a
impressão que estou diante de um livro de arte, ou um livro de que tem como
interlocutores os estudiosos da arte. E acho que peca, por não situar as
citações que apresenta em seus contextos culturais e historiográficos.
O
argumento que ele apresenta é de fácil compreensão, não será o mundo que a
beleza tomará como modelo, nem tampouco o homem tal como se situa nesse mundo,
mas sim, o homem cria o belo a imagem e semelhança a forma como vê e se representa.
É nesse sentido que a beleza é um elemento da história, pois é um entendimento
do homem consigo mesmo.
Em
sua análise da contemporaneidade, podemos dizer que este carrega nas tintas do
romantismo, ao ver nosso tempo, como simples regeneração e corrupção de um
passado que antes era maravilhoso, pois a beleza hoje, é degenerada e
prostituída, sendo considerada pelas campanhas publicitárias, tanto a
beleza nórdica de Claudia Schiffer, quanto a beleza de origem afro de Naomi
Campbell. Numa única campanha publicitária é possível se reunir o universo
oitocentista e elementos de ficção científica.
Não
obstante as limitações metodológicas, História da beleza reúne em si, pelas
gravuras, imagens e textos que apresenta, a materialização do belo e como diz o
próprio Eco o belo é aquilo que agrada de maneira desinteressada, aquilo que
provoca prazer aos nossos sentidos, deve ser por isso, que é tão prazerosa a
experiência com este livro, que chega a ser uma aventura intelectual,
apaixonante e emotiva.