Nara Leão foi considerada musa da
Bossa Nova, sua interpretação da música A Banda é magistral. Tinha de 14 para
15 anos quando o apartamento de seus pais na Avenida Atlântica, em Copacabana
no Rio de Janeiro, virou ponto de encontro dos amigos, todos mais velhos que
ela que passavam as noites tocando violão, compondo e conversando sobre música.
Sylvia Teles, Roberto Menescal, Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli eram uns dos
frequentadores mais assíduos das famosas reuniões. Pelas quais também passavam
Tom Jobim e João Gilberto. Tudo isso quando a Bossa Nova começava a nascer.
Nara Leão não foi musa apenas da
Bossa Nova, foi uma artista que marcou a música brasileira. Foi musa da música
de protesto e da tropicália. E essa é uma das suas características mais
marcantes, já que passou 20 anos cantando quando era, na verdade soprano: a de
não se prender a formato algum. Em 1966, rompeu com a Bossa Nova, período que
coincidiu com o fim do seu noivado traumático com Ronaldo Bôscoli.
Nara Leão foi uma das grandes
mulheres do cenário artístico nacional. Fez o que quis da sua vida, da maneira
que quis, com ferrenha dedicação em tudo. Deixou a carreira de lado para se
dedicar a maternidade, escolheu seus relacionamentos a dedo, fez todos os
discos que teve vontade, mesmo indo contra a corrente, lançou moda, atacou a
ditadura, estudou psicologia. Cantou samba, Bossa Nova, cantigas de roda,
chorinho, música popular, americanas, música de seresta, protesto e até música
dançante. Lutou como pode por sua independência, pelos seus ideais e pela vida,
a única batalha que não conseguiu vencer, vencida por um câncer em 1986.