O século XIX acreditou em filósofos
e psicanalistas e o século XX que era possível instituir o paraíso terreal o
que Freud e Marx tentam em vários planos é dá maioridade para os seres
humanos e um paraíso. A crença que a
ciência vai resolver os nossos problemas é do século XIX. O século XX
experimentou Auschwitiz, Hiroshima, Nagasaki e experimenta agora o aquecimento
global. Ou seja, o século XX desacreditou da ciência e passou a supor que pela
primeira vez na história que estamos como humanidade, como disse Paul
Valery ao final da Primeira Guerra Mundial, agora
sabemos que somos mortais.
Agora sabemos que podemos nos suicidar
como civilização e a pior dor para nós é imaginar quem sentiria a nossa falta, quem
lamentaria a morte da humanidade a não ser a própria humanidade seduzida por
suas obras primas. Essa crença que o século XIX colocou na ciência não
compartilhamos mais. Os filósofos da morte da religião, da ciência
absolutamente ateia que une Marx a Freud estão hoje abaladas com o retorno do
sagrado.
O retorno do sagrado é um movimento
pendular constante, nós tivemos reavivamentos constantes na história das
religiões. A religião apresenta múltiplos efeitos terapêuticos, porque a
ciência não é mais uma sedução absoluta, a ciência não oferece mais respostas
para tudo. A ciência não resolveu os problemas que se propôs a resolver e ainda
criou uma outra fantasia que é possível um mundo natural, onde não existe mais
possibilidade para isso em planeta com 7 bilhões de pessoas.
Esse movimento pendular vai ao
encontro das religiões, de tudo que seja religioso. A religião continua com o
forte apelo de dá sentido a tudo. Ao se estar doente, de uma doença difícil
como câncer, é preciso crer que foi determinação divina porque é a única
maneira de enfrentar a dor mais absurda que a humanidade nos propõem que é a
finitude da vida. A religião dá essa resposta, a ciência oferece prozac.
Existe um momento que a razão não
alcança quando se está doente de uma doença grave, procuramos a resposta na
religião. Então eu diria que para o mundo contemporâneo a religião oferece mais
respostas do que a ciência, mais unidade e mais consolo. É sempre muito bom
acreditar que tudo tem um sentido nesse mundo. A ideia de que existe o inferno
encontra mais eco nas pessoas do que o aquecimento global. Vivemos mais do que nunca o fortalecimento do sagrado.