O auto- retrato é uma confissão de
intimidade. Um misto de ideias e imagens em que o pintor tenta responder com
ênfase duas questões: “o que sou ?” e “o que é a pintura ?”. Selecionei quatro
óleos sobre telas que marcaram a arte ocidental.
Durer, Albrecht (Auto Retrato com Flor de Cardo, 1493)- foi feito quando o pintor alemão tinha
apenas 22 anos. Na obra, notam-se marcas do aprendizado de Durer em ourivesaria
e gravura. As mãos nervosas do artista seguram um ramo de cardo, a pintura
tenta esconder uma certa timidez. A tessitura das roupas é tratado com o
cuidado de uma pintura flamenga. O cabelo revolto parece ser encimado por uma
flor de alcachofra.
Rubens, Peter Paul (Auto Retrato com sua mulher Isabel Brandt,
1609)- Isabel está
paramentada como uma rainha. Aqui o estilo flamengo é rigoroso, bordados e
brocados são exaltados. Os tecidos (veludo, lã, seda entre outros) são
facilmente identificados, assim como o brilho dos metais. O ideal de prosperidade
e felicidade burguesa, calcado na aristocracia, reveste toda a pintura.
Velásquez,
Diego (As Meninas, 1656)- auto
retrato emblemático da pintura ocidental, com o objeto que mais representa
ideias abstratas. O pintor veste o hábito de cavaleiro de Santiago, a cruz no
peito, comenda que só ganharia no fim da vida. Pinta os reis, que mal são
vistos em reflexo, e, saindo de trás da tela, parecem anunciar: isto é pintura
de reis, mas quem a vê é mais importante.
Cézane, Paul
(Auto Retrato, sem data)- é, entre os pintores consagrados, o pior
retratista do século 19; quem sabe até da pintura ocidental. Quando pintava sua
mulher pedia que ela ficasse imóvel como uma maça. As pessoas para ele eram
meros elementos de figuração. Não tinham mais importância que os objetos ao seu
redor. Ainda assim, em seu auto retrato, Cézane conseguiu reter o espaço
humano, como até então ninguém havia realizado.
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