Conheci as músicas de Cole Porter por influência de uma
colega da época do mestrado, no início não conseguia compreender a
grandiosidade do seu trabalho, mas com aprofundamento é possível diferenciar,
conhecer e sobretudo, apreciar seu estilo que é composto por letras
sofisticadas, ritmos inteligentes e formas complexas. Suas melhores canções
viraram clássicos e possuem reconhecimento de alta relevância como I love Paris, que notadamente, gosto da
intepretação da cantora Maysa, Anything
goes e a magistral Night and day.
Cole Porter (1891-1964), é americano e foi iniciado na
música por sua mãe, estudou em Yale e vinha de família abastada. Em seu tempo
não era preciso apenas, ter dinheiro ou entender e se comportar de acordo com
as etiquetas sociais, era preciso talento e o seu espumava como champanhe. Nos
anos 1930 e 40, escreveu letras e músicas para a Broadway e Hollywood, das
quais pelo menos cem atravessaram o século e me dão a impressão de estarem tão
classudas e inteligentes quanto o dia que sairão do piano de Cole.
Uma produção sobre sua vida que causa satisfação é o
filme De Lovely : as vidas e os amores de
Cole Porter (2004), além de ser o musical mais charmoso e melhor produzido
dos últimos tempos, é a biografia musical desse grande artista um dos maiores
do século XX. É mostrado o lado mais problemático de sua vida, com os excessos
e o os problemas conjugais com sua esposa Linda. O interessante é que as
pessoas que fazem parte de sua vida se transformam em personagens através de
flash backs feitos pelo músico.
O que mais gosto desse filme é a trilha sonora que é maravilhosa, o clássico night and day na voz de Bono do U2 foi
muito bem regravado. Para a nossa época contemporânea, e para mim em especial
fico admirada com a quantidade de cigarros que aparece no filme. Mas o ponto
alto da trama é o relacionamento de Porter com sua esposa Linda, ela tem tanta
admiração pelo marido que perdoa seus excessos e dedica a vida a ele. Linda era
de uma das famílias mais ricas dos EUA, foi a primeira mulher de seu meio
social a cortar os cabelos curtos e pinta-los. Os dois permanecem juntos por 34
anos.
Acredito que o filme De
Lovely foi realizado entre outras coisas, para apresentar o legado de
Porter as novas gerações. Quando vejo o seu fim, após a morte de Linda sozinho
e melancólico penso: quem havia inspirado tantas pessoas acaba por perder sua
essência e inspiração. Tenho certeza que vale a pena assistir mais de uma vez
esse filme para poder ouvir suas músicas e saber um pouco mais sobre sua vida.
E por fim relembro o grande jornalista Paulo Francis quando dizia: Ruim não é
morrer, é não poder mais ouvir Cole Porter.
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