quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

ELEMENTOS DA CULTURA BRASILEIRA



Existem inúmeras definições sobre o que seja cultura, ou o que torna esse termo como algo próximo de internacionalização, qual o seu caráter universal? Particular? Ou nacional? Muitos defenderam a cultura européia dizendo que só ela tinha uma caráter de universalidade, já que ela valia para todos os homens e mulheres do mundo. Uma coisa não pode deixar de ser dita, a luta por direitos humanos e combate aos preconceitos, atingiram no ocidente um nível mais alto do que em outras culturas.



Essa tese apresenta alguns problemas. A modernidade que é outro nome do ocidente, foi um triunfo cruel. Esmagou culturas ameríndias, africanas e asiáticas, que poucos meios tinham para se defender. Foi uma chacina física e espiritual. Mesmo os valores iluministas, os mais universais rasgam a possibilidade de outros valores. Considero que é bom não usar o termo globalização cultural, já que globalização está relacionada a mercados. E daí pensei, com base em textos sobre o assunto e pesquisas acadêmicas, quais os elementos que internacionalizam a cultura brasileira? Listei alguns que passam longe de ser a pretensão da verdade, mas apenas um indicativo desta.



Machado de Assis- os americanos e parte dos ingleses acharam que talvez fosse mais fácil classifica-lo entre os pós-modernistas, isso mostra, o quanto que Dom Casmurro, continua mais moderno do que os próprios pós modernos, a seu respeito os críticos internacionais costumam citar uma certa ironia epicurista. Machado abre inúmeras possibilidades e interpretações e mostra que sua pátria era sobretudo, sua língua.



Gilberto Freire- foi considerado gênio da sociologia, só ele foi capaz de escrever sobre história como se estivesse produzindo um romance libertino, Casa Grande e Senzala é um clássico da pornografia, com ele, o mundo nunca conseguiu resistir a descrição minuciosa de pecado.



Carmen Miranda- acho que é mal compreendida pelos estrangeiros, que a veem como uma cantora com um toque de folclórico, e não conseguem compreender toda sua grandeza vocálica. Carmen ainda é limitada as suas frutas e seus trejeitos. Por mais que tenha encantado a América, ela é uma figura mais sexy do que supunham e bem mais irredutível do que gostariam. Para nós e para eles ela é um parâmetro essencial que forma uma cultura absolutamente própria.



Brasília- pouco importa que seja uma cidade sem esquinas, ou que continue tão discutia, Brasília mostrou ao mundo que ainda é possível existir homens capazes de construir uma cidade. Sua modernidade e as curvas de Niemayer são imbatíveis.



Tom Jobim- muito mais do que música, criou um estilo imbatível que se mantém, é considerado cool de Frank Sinatra a David Lynch. Sua obra é comparada a Guimarães Rosa. Ninguém pode esquecer ao ouvir suas músicas das praias do sul do Rio de Janeiro, de Parati, do perfume da chuva, da cachaça e da mulher brasileira.



Poltrona Mole- numa variação de estética da forma, Sergio Rodrigues, parece ter criado com sua poltrona uma espécie de estética da saciedade. Na qual, a madeira brasileira era reafirmada com um orgulho que beirava a arrogância, com toda a sua glória ocre, torneada e macia. Os italianos, dados a volúpia adoraram, dizem que quem senta jamais esquece.



Cinema Novo- conseguiu superar a crítica do Cathiers du Cinéma. Glauber Rocha, Rio 40 graus e Vidas Secas, vão sobreviver a qualquer crítica e mesmo ao cinema.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Volver DE ALMODÓVAR



Sempre gostei de Almodóvar, seja pelos temas, o uso predominante da cor vermelha e principalmente pela estética diferente do que estamos acostumados dentro dos padrões americanos. Vi Volver em 2006 no seu lançamento no cinema, revi agora com uma visão mais madura, para ver quais as minhas impressões. A produção marca uma série de retornos para o cineasta, ao seio materno, a infância, ao universo feminino, ao ambiente da parte de Barcelona onde nasceu, além da atriz Carmen Maura, fetiche do início de sua carreira.



O filme fala de três mulheres, Raimunda (Penélope Cruz) que tem o marido assassinado por sua filha após a jovem sofrer uma tentativa de violência sexual, sua irmã Sole que ganha a vida como cabelereira e sua mãe Irene (Carmen Maura), que, depois de dada como morta surge como uma aparição, primeiro para Sole e depois para Raimunda que tenta se reconciliar por erros do passado.



Almodóvar é tão importante para o mundo cinematográfico que se transformou num adjetivo, nesse sentido, vejo-o perto de grandes como Felini e Hitchcock. Para o cinema atual ele representa o mesmo sentido que esses outros cineastas incorporarão no passado: um autor para as massas com idiossincrasias assimiláveis pelo grande público, um realizador que frequenta com a mesma desenvoltura o Oscar americano e a Cinemateca francesa.



O que mais gosto em Volver é o casamento do fantástico com o cotidiano, é marca característica de sua obra filmar com graça e naturalidade as situações e os personagens mais absurdos, isso pode ser visto em Irene que ao ser considerada morta volta a sua terra natal, para resolver questões pendentes. Até a cena em que Raimunda limpa o sangue do marido morto é filmada de forma magistral. Volver faz bem aos olhos e alimenta a magia cinematográfica, filme de primeira e que valeu a pena ser revisto. 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

WITTGNSTEIN: O FILÓSOFO DA LINGUAGEM



Lembro que a primeira vez que ouvi falar em Ludwig Wittgnstein, foi no programa Café Filosófico da TV Cultura, depois disso comprei o Tractadus Lógico Philosofico, sua primeira e única obra publicada e demorei muito tempo para acompanhar seu pensamento. Wittgnstein tem uma importância fundamental para entender a filosofia do século XX, marcada pela linguagem. No Tractadus pode-se encontrar uma postura em que ele adota a posição de que o mundo e a linguagem possuem um isomorfismo.



Sua leitura é bem difícil, parece que ao ler eu estava montando um quebra cabeças, para o seu texto. Para Wittgnstein o real significado de uma palavra não aparece no dicionário, ele vai aparecer dentro do jogo de linguagem que se estabelece entre os indivíduos. Quando você conversa com um amigo você estabelece um ramo de linguagem e há uma vitória quando os indivíduos se entendem, o que não significa necessariamente concordar, mas compreender a linguagem e esse é o jogo da linguagem. Em cada jogo as palavras adquirem um novo sentido.



            Fora dum jogo de linguagem a palavra fica sem sentido, são os indivíduos que inserem sentido e significado as palavras, somos nós que inserimos sangue as gélidas palavras mortas. Filosoficamente, isso significa dizer que o significado de uma palavra não está relacionado ao objeto que ela representa no mundo real nem as estruturas mentais que podemos fazer a cerca da palavra, para Wittgnstein o que realmente importa na hora de estabelecer o significado de uma palavra é o momento que o falante consegue dizer o que quer e o ouvinte consegue entender o que está sendo dito.



            A linguagem é obrigatoriamente uma prática pública, um termo ou palavra vai ganhando significado pela aceitação popular. Pela correção que as pessoas vão fazendo em determinado tempo e cultura. Se não fosse assim, as palavras seriam somente um ruído, sem nenhum significado. Pensar diferente é possível, o papel do filósofo não seria converter ninguém a nada, mas, mostrar os erros que se cometem no discurso, mostrando as formas de transcender os limites da nossa razão.

domingo, 5 de janeiro de 2014

FOTOGRAFIA DE MODA



A moda é algo mais do que simplesmente vestir nus, Bourdieu o pensador francês, entendia como uma forma de distinção ou afirmação dos grupos dominantes incluindo entre estes, o consumo de moda. A moda é o gosto pelo novo e pela mudança, com caráter de subjetividade própria do sistema capitalista, a tempos deixou de representar apenas frivolidades, estudos acadêmicos a consideram como nova forma de pensar e agir. A parte que mais me interessa é a fotografia de moda, notadamente, aquela produzida no período do pós Guerra.



No pós Guerra uma nova geração de fotógrafos baseados em Nova York, ajudaram com fotografias como Dovima com Elefantes, a reerguer as casas de alta costura francesas. Em 1947, após anos de escassez de tecidos, o estilista Christian Dior apresentou sua primeira coleção em Paris. Seus modelos anunciaram o renascimento da feminilidade, caracterizado por quadris salientes, cinturas bem apertadas e saias cheias e longas.



O tom pastel dominava as revistas da época, publicações como Harper’s Baazar nos anos, 1940 e 50, introduziram pela primeira vez, a luz natural, locações exóticas e ao ar livre. Onde é possível ver fotos como da modelo Natalie Paine fotografada na Tunísia maio verde escuro e lábios e unhas de vermelho vivo, a foto simboliza o estilo de vida da mulher americana moderna como uma confiante turista internacional.





Em fins dos anos 1950, a alta costura estava em decadência e o eixo central do mundo da moda encontrava-se mais uma vez em transição. Em um período de evoluções sociais drásticas, Londres se tornou o epicentro criativo para jovens estilistas e fotógrafos de moda. Os principais jornais traziam um número cada vez maior de fotografias de moda, a medida que roupas sofisticadas, porém acessíveis e produzidas em série, ficavam ao alcance do público geral.



As revistas Vogue e Harper’s Baazar, foram os meios mais notáveis de consolidação da fotografia de moda. Essas publicações visavam as mulheres ricas bem como quem aspirava uma vida de luxo. A produção da fotografia de moda sempre foi um elemento criativo entre fotógrafos, modelos, diretores de arte, editores, assistentes fotográficos, retocadores.



A fotografia de moda sempre se inspirou na cultura da época e foi moldada por ela, observando um percurso histórico do pós Guerra a atualidade, percebe-se que antes de apresentar produtos com clara intenção comercial, o que pode se ver é um registro cativante das mudanças drásticas vividas pela mulher na sociedade.