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sábado, 16 de agosto de 2014

MACHADO DE ASSIS O MELHOR DO BRASIL


            Existe uma tese que diz que o homem ocidental foi criado por Shakespeare, na medida em que suas peças estabeleciam modelos de pensamento, sentimento e conduta que ainda hoje se aplicam a vida cotidiana. Machado de Assis (1839-1908) fez o mesmo em relação aos brasileiros em seus romances, sobretudo após a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas em 1881. Machado é importante porque ele foi além da literatura brasileira, com seus livros ele desvendou as bases psicológicas nacionais produzindo uma espécie de espelho em pleno século 19 que ainda é possível nos enxergamos nele até hoje.


            Os personagens de Machado ultrapassam os limites individuais para se converterem em metonímias do homem brasileiro e suas formas de afirmação pessoal, sua relação com a verdade e a mentira, com a cobiça e a vaidade, com as oscilações entre o bem e o mal, o absoluto e o relativo numa época de mudanças de valores. Somos todos criaturas suas, pintados com a pena da galhofa e a tinta da melancolia.


            Sua originalidade está em embalar a profundeza melancólica na leveza humorística: seu descrédito em relação a natureza humana não se manifesta de forma sóbria, mas sim com a suavidade da sátira. Sua obra é original porque ele nunca parou de meditar sobre os vícios de uma sociedade que não muda suas estruturas, e é aí que está a contemporaneidade de sua obra. Imagino que se ele visitasse o Brasil de hoje estranharia os avanços tecnológicos, mas ficaria familiarizado com as práticas da classe política, os bons e os maus costumes do povo, sobretudo sua capacidade de se deixar iludir por promessas e soluções grandiosas.

            

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

ELEMENTOS DA CULTURA BRASILEIRA



Existem inúmeras definições sobre o que seja cultura, ou o que torna esse termo como algo próximo de internacionalização, qual o seu caráter universal? Particular? Ou nacional? Muitos defenderam a cultura européia dizendo que só ela tinha uma caráter de universalidade, já que ela valia para todos os homens e mulheres do mundo. Uma coisa não pode deixar de ser dita, a luta por direitos humanos e combate aos preconceitos, atingiram no ocidente um nível mais alto do que em outras culturas.



Essa tese apresenta alguns problemas. A modernidade que é outro nome do ocidente, foi um triunfo cruel. Esmagou culturas ameríndias, africanas e asiáticas, que poucos meios tinham para se defender. Foi uma chacina física e espiritual. Mesmo os valores iluministas, os mais universais rasgam a possibilidade de outros valores. Considero que é bom não usar o termo globalização cultural, já que globalização está relacionada a mercados. E daí pensei, com base em textos sobre o assunto e pesquisas acadêmicas, quais os elementos que internacionalizam a cultura brasileira? Listei alguns que passam longe de ser a pretensão da verdade, mas apenas um indicativo desta.



Machado de Assis- os americanos e parte dos ingleses acharam que talvez fosse mais fácil classifica-lo entre os pós-modernistas, isso mostra, o quanto que Dom Casmurro, continua mais moderno do que os próprios pós modernos, a seu respeito os críticos internacionais costumam citar uma certa ironia epicurista. Machado abre inúmeras possibilidades e interpretações e mostra que sua pátria era sobretudo, sua língua.



Gilberto Freire- foi considerado gênio da sociologia, só ele foi capaz de escrever sobre história como se estivesse produzindo um romance libertino, Casa Grande e Senzala é um clássico da pornografia, com ele, o mundo nunca conseguiu resistir a descrição minuciosa de pecado.



Carmen Miranda- acho que é mal compreendida pelos estrangeiros, que a veem como uma cantora com um toque de folclórico, e não conseguem compreender toda sua grandeza vocálica. Carmen ainda é limitada as suas frutas e seus trejeitos. Por mais que tenha encantado a América, ela é uma figura mais sexy do que supunham e bem mais irredutível do que gostariam. Para nós e para eles ela é um parâmetro essencial que forma uma cultura absolutamente própria.



Brasília- pouco importa que seja uma cidade sem esquinas, ou que continue tão discutia, Brasília mostrou ao mundo que ainda é possível existir homens capazes de construir uma cidade. Sua modernidade e as curvas de Niemayer são imbatíveis.



Tom Jobim- muito mais do que música, criou um estilo imbatível que se mantém, é considerado cool de Frank Sinatra a David Lynch. Sua obra é comparada a Guimarães Rosa. Ninguém pode esquecer ao ouvir suas músicas das praias do sul do Rio de Janeiro, de Parati, do perfume da chuva, da cachaça e da mulher brasileira.



Poltrona Mole- numa variação de estética da forma, Sergio Rodrigues, parece ter criado com sua poltrona uma espécie de estética da saciedade. Na qual, a madeira brasileira era reafirmada com um orgulho que beirava a arrogância, com toda a sua glória ocre, torneada e macia. Os italianos, dados a volúpia adoraram, dizem que quem senta jamais esquece.



Cinema Novo- conseguiu superar a crítica do Cathiers du Cinéma. Glauber Rocha, Rio 40 graus e Vidas Secas, vão sobreviver a qualquer crítica e mesmo ao cinema.