quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O MAGNÉTISMO DE SARA BERNHARDT




Só conheci a famosa atriz francesa Sara Bernhardt através de um filme brasileiro o Xangô de Baker Street, adaptação do romance do apresentador Jô Soares. Visitou o Brasil quatro vezes a primeira ainda no reinado de D. Pedro II.  Vendo hoje fotos, lendo textos e críticas sobre a atriz, é impossível não ficar seduzido pelo seu talento e magnetismo.


Bernhardt fez sua fama nos palcos da França na década de 1870, início da Belle Époque, época marcada por profundas transformações culturais que se traduziam em novas formas de pensar e viver o cotidiano, a cena cultural estava em efervescência, com cabarés, cancan e o cinema. Tratava-se de uma cultura urbana de divertimento, incentivada pelos meios de comunicação e transporte, que aproximava lugares e povos.


Sara desenvolveu fama como atriz dramática, e foi transformada em um mito, criou um teatro que levou seu nome até a Segunda Guerra Mundial. Foi pioneira do cinema mudo, debutando no papel de Hamlet.  Seu papel mais marcante foi a Dama das Camélias de Alexandre Dumas. Possivelmente foi a atriz mais famosa do século XIX, e  seu mito foi construído como sinônimo de atuação. 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A MODERNIDADE DE GODARD



            O primeiro contato de tive com Jean Luc Godard foi a expressão de seu nome  na música do Legião Urbana, e realmente ver Godard é muito diferente do que ir a uma lanchonete. Se tem um cineasta que possa sintetizar a modernidade cinematográfica é o próprio Godard de todos os cineastas da Nouvelle Vague o franco suíço foi o que encarou de forma mais emblemática as transformações que o cinema viveu pós 1950.


            Os cinemas novos que pipocaram ao redor do mundo nos anos 1960, inclusive no Brasil, tiveram em Godard seu maior modelo, não só de inovação de técnica e estilo, mas também de posicionamento político em face da própria situação do cinema e do mundo. Ele concebia seus filmes como reportagens ficcionais experimentais, buscando dá conta de tudo que estava acontecendo ao mesmo tempo.


            No Brasil quem melhor dialogou com o modelo de Godard foi por excelência Glauber Rocha e ainda  Sganzerla em o Bandido da Luz Vermelha (1968) a violência do som e da imagem, remetem diretamente a obra do franco suíço. Sganzerla partilhava a mesma provocação frontal e articulação rápida de ideias, com uma quebra proporcional das tradições.


            Godard era questionador e provocava uma asfixia visual, pela cultura, pela arte e pela história. Para ele uma árvore é uma escolha verde; um carro, o produto da Revolução Industrial; uma mulher, uma vênus inspirada num quadro de Velásquez. Ele traz em sua memória também a reminiscência da centena de filmes que assistiu.


            O ápice do seu trabalho com vídeo está na História do Cinema, concebida entre 1988 e 1998 ali o diretor cria situações desconcertantes entre imagens palavras e sons egressos de praticamente toda a história do cinema e das artes. O que dá para mensurar que este encara as imagens como forma de conhecimento do mundo. 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

HOMENAGEM A D. PEDRO II





            Ler sobre o Brasil sempre foi um dos meus passatempos preferidos, inevitavelmente acabei encontrando no período da Monarquia brasileira e em especial na figura do segundo imperador uma notoriedade, uma humanidade impossível de não amar. Nunca vi a figura pública, aquela fabricada, construída pela história oficial, dos vencedores republicanos, mas a figura humana, muito bem traçada em perfis de novos historiadores como Mary Del Priori ou jornalistas com uma nova visão como Laurentino Gomes.


            Pedro de Alcântara, como gostava de ser chamado, foi um menino triste e criado unicamente para servir ao Brasil. Órfão de mãe e abandonado pelo pai foi criado por amas e tutores, no frio ambiente estatal, no fim, foi visto como um menino triste, mas extremamente estudioso e disciplinado. Assume o trono do Brasil em plena adolescência, e tem um casamento arranjado com uma nobre europeia a quem considerou feia e sem graça, se sentindo enganado pela situação, mas no entanto viveu uma vida conjugal morna, mas com respeito.


            Pedro era um homem das letras, e um homem do seu tempo, viveu em uma época de apogeu das ciência, que até então era a nova verdade absoluta, soberana do conhecimento e da razão. Amava tanto os estudos que impôs uma rígida agenda para suas filhas Isabel e Leopoldina, além de participar pessoalmente das atividades do Colégio Pedro II, assim como fazer viagens internacionais percorrendo o circuito cultural da época e chegar a dizer que se não fosse imperador seria professor.


            Mas o que me causa profunda admiração é o seu amor pelo Brasil, seja em se alistar na famigerada Guerra do Paraguai, como o voluntário número I, numa época em que se recrutava voluntários na pátria, e fora todas as controvérsias, a Guerra serviu para fortalecer o sentimento de pertencimento à nação, e para que está não viesse a se fragmentar como as vizinhas de língua espanhola. Ou pela austeridade com os recursos públicos, quando passou o Segundo Reinado recebendo o mesmo valor de pensão do Estado. Além de permitir uma liberdade de expressão para imprensa impossível de ser pensada na época, pelos caudilhos e ditadores dos países vizinhos.


            Já doente e perto do fim da Monarquia, quando soube da abolição da escravatura no Brasil, considerou que agora sim, o país seria uma grande nação. Era amado e respeitado pelo povo, e gozava de popularidade, no entanto, não se rebelou ao receber o golpe orquestrado pelo novo regime, à República, e com dignidade recusou uma pensão dos novos mandatários, e passou a viver no exílio de empréstimos de pessoas amigas. Quando faleceu o Conde, D`Eu, marido da Princesa Isabel, encontrou entre seus pertences um travesseiro com terra do Brasil em que estava escrito que queria ser enterrado com ela. Afirmava sempre no exílio: nunca me esqueci do Brasil morro pensando nele, que Deus o proteja.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

AS MUDANÇAS QUE O SÉCULO XIX TROUXE





            Sinceramente eu tenho uma predileção pelo passado e em especial pelo século XIX, período que já falei em outros momentos desse blog. O prenuncio transformador desse período aconteceu um século antes com a Revolução Industrial na Inglaterra e as Revoluções americanas e francesas. O direito das monarquias que se arvorava divino, passou a ser contestado e substituído pelas retribuições de riquezas e de privilégios na sociedade.


            O mundo se transformava em proporções nunca antes vistas, navios a vapor, locomotivas, o telégrafo e o telefone encurtavam o mundo. Até então os seres humanos se moviam como a10 mil anos a pé ou a cavalo. Em 1800 uma viagem oceânica entre a Inglaterra e a Índia, contornava o cabo da boa esperança e demorava sete meses, no final do século graças ao navio a vapor esse tempo foi reduzido para duas semanas.


            Nas comunicações as transformações ainda foram mais surpreendentes, cartas viajavam a pé no mesmo ritmo das pessoas. Uma correspondência despachada de Lisboa em Portugal levava dois meses para chegar ao Rio de Janeiro. Impressoras mecânicas, o telégrafo e o telefone mudaram tudo, a informação que antes viajava, agora era transmitida de maneira instantânea através de cabos em torno do planeta.


            As pessoas passaram a ler jornais dominicais, e a opinião como disse Balzac passou a ser em papel e tinta. Foi o século das ideologias como o comunismo, nacionalismo, socialismo e imperialismo, que propunham novos modelos de sociedade e caminhos diferentes para alcança-los. O que essas ideologias tinham em comum era a noção de que era preciso reformar a sociedade e o Estado para acelerar o progresso humano, em busca de uma era de prosperidade e felicidade.


                  O que considero mais interessante desse período é a crença na ciência e na tecnologia como capazes de conduzir o homem a um novo patamar de conhecimento, essa crença só veio a ser abalada com a Primeira Guerra Mundial, na primeira metade do século XX, que mostrou que o homem não era capaz de tudo que se imaginou no século XIX. Acreditava-se que era o momento do triunfo da razão, como instrumento inabalável para explicar não só o funcionamento da natureza, como da sociedade. Deus está morto, concluía Nietsche em seu clássico Assim falou Zaratustra.


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

QUAL O SENTIDO DA VIDA?





            Estive pensando esses dias se o sentido da vida é que a vida acaba e se ela acaba nada melhor do que curtir o sol, o céu e ausência das nuvens. Por um momento desejei dá valor as coisas simples da vida, como deitar na grama e contar estrelas, ler debaixo de uma árvore e passar horas num balanço e é por isso que definitivamente prefiro as pessoas que perguntam sobre o sentido da vida do que aquelas que trazem modelos, respostas de vida como se fosse receitas, ou como sua própria vida servisse de referência para a vida de outra pessoa.


            Quando pensamos no sentido da vida de forma direta ou indireta, o certo é que estamos todos juntos na mesma bola girando o universo. A graça se encontra nos mistérios que a vida trás se soubéssemos as respostas a vida seria tediosa. Entendo que a vida é sempre uma oportunidade, uma abertura, depende do que você faz dela. Qual o sentido, a canção, a cor, a dança, a poesia que você coloca nela.


            Esse dilema de procurar sentido para a vida atormenta a humanidade e traz em si uma questão: se a viagem importa mais do que o destino como faze-la valer a pena? É inevitável que as respostas estejam sempre ligadas a crenças religiosas e filosóficas. Na Antiguidade o objetivo da vida era a felicidade em diversas correntes de pensamento. Platão e Aristóteles entendiam a felicidade como um equilíbrio dinâmico entre razão, coragem e instinto. Na Idade Média a religião transferiu o sentido da existência do individual para o coletivo. No século dezenove com o existencialismo o homem passou a ser o responsável pelo seu destino.


            Entendo que autodesenvolvimento, o autoconhecimento é o que tem de mais precioso para dá sentido à vida. Dizem que no Oráculo de Delfos na Grécia Antiga exibia dois escritos: nada em excesso e conhece-te a ti mesmo. Dessa forma a grande sacada é saber equilibrar os anseios da alma com as cobranças da modernidade. Para mim o sentido da vida está no amor. Estou aqui para amar, o amor romântico, de família, de trabalho, de amigos. Creio piamente que se formos bem no amor, iremos bem em todo o resto.