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segunda-feira, 21 de julho de 2014

A ARTE DO ESQUECIMENTO


            Se procurarmos o significado da palavra memória encontraremos que se trata de uma faculdade que retém conhecimentos e experiências passadas. Esquecimento por oposição é a incapacidade de reter informações, com um certo descontrole. Por causa da nossa necessidade de controle acabamos valorizando mais as lembranças do que os esquecimentos. Uma agenda de esquecimento seria um empreendimento paradoxal, pois o esquecimento não permite listas, planos, ou cronogramas. Por que então querer esquecer?


            A vantagem de olhar para o passado é a oportunidade de compreender e experimentar esse passado como nosso. Em geral tendemos a olhar para a história como um processo onde não temos nenhuma participação. Olhar para o passado nos ajuda a lembrar que somos também a nossa história. Isso só é ruim quando feito de forma excessiva. Supervalorizar a memória pode, às vezes, significar falta de perspectivas para o futuro. Para o futuro se realizar é preciso as vezes esquecer o passado. O esquecimento é condição de possibilidade de tudo o que é grande, saudável e nobre no homem.



            Saber selecionar o que deve ser esquecido para poder se concentrar no que pode ser realizado, eis o segredo das grandes ações humanas. Parece que nossa época está sofrendo de um excesso de sentido histórico de um exercício desmedido de memória. Um homem que nunca esquecesse ficaria doente e enfraquecido. Esquecer não significa simplesmente apagar da mente e da vista, mas ter a força de recriar a memória de reinventa-la, libertando-se das interpretações oficiais e canônicas e partindo para a criação. A memória pode até ajudar a conservar a vida, mas só o esquecimento pode contribuir com a sua regeneração.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

QUAL O SENTIDO DA VIDA?





            Estive pensando esses dias se o sentido da vida é que a vida acaba e se ela acaba nada melhor do que curtir o sol, o céu e ausência das nuvens. Por um momento desejei dá valor as coisas simples da vida, como deitar na grama e contar estrelas, ler debaixo de uma árvore e passar horas num balanço e é por isso que definitivamente prefiro as pessoas que perguntam sobre o sentido da vida do que aquelas que trazem modelos, respostas de vida como se fosse receitas, ou como sua própria vida servisse de referência para a vida de outra pessoa.


            Quando pensamos no sentido da vida de forma direta ou indireta, o certo é que estamos todos juntos na mesma bola girando o universo. A graça se encontra nos mistérios que a vida trás se soubéssemos as respostas a vida seria tediosa. Entendo que a vida é sempre uma oportunidade, uma abertura, depende do que você faz dela. Qual o sentido, a canção, a cor, a dança, a poesia que você coloca nela.


            Esse dilema de procurar sentido para a vida atormenta a humanidade e traz em si uma questão: se a viagem importa mais do que o destino como faze-la valer a pena? É inevitável que as respostas estejam sempre ligadas a crenças religiosas e filosóficas. Na Antiguidade o objetivo da vida era a felicidade em diversas correntes de pensamento. Platão e Aristóteles entendiam a felicidade como um equilíbrio dinâmico entre razão, coragem e instinto. Na Idade Média a religião transferiu o sentido da existência do individual para o coletivo. No século dezenove com o existencialismo o homem passou a ser o responsável pelo seu destino.


            Entendo que autodesenvolvimento, o autoconhecimento é o que tem de mais precioso para dá sentido à vida. Dizem que no Oráculo de Delfos na Grécia Antiga exibia dois escritos: nada em excesso e conhece-te a ti mesmo. Dessa forma a grande sacada é saber equilibrar os anseios da alma com as cobranças da modernidade. Para mim o sentido da vida está no amor. Estou aqui para amar, o amor romântico, de família, de trabalho, de amigos. Creio piamente que se formos bem no amor, iremos bem em todo o resto. 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

LEMBRANÇAS




            Um dia li que não sabemos o tamanho do nosso inconsciente, acrescento a essa máxima uma tentativa de parafrasear Clarice Lispector, quando esta diz que “não sabemos ao certo qual o nosso defeito cortar, pois pode ser que ao cortar qualquer um  todo o nosso edifício venha a cair. Digo isso porque não sabemos ao certo qual lembrança devemos cortar para segurar o nosso edifício inteiro. É certo que o homem é o único animal capaz de expressar emoções através das lembranças, ao que parece as melhores são sempre aquelas que nos remetem a infância e aos momentos de amadurecimento psíquico.


            Essas lembranças da infância ficam armazenadas em nossa memória de longo prazo, e desperta um fenômeno de sensações como algo já conhecido, já vivido que os franceses chamam de déjá vú. Essa capacidade de guardar parte do passado, salvando-o da perda total é o elo capaz de provocar reflexões sobre o que fomos, o que fizemos e qual o projeto que queremos para o nosso futuro.


            Penso que essas lembranças são a garantia de nossa própria identidade, é a representação do nosso EU, é quem realmente somos. A grande capacidade que a memória tem de armazenar acontecimentos, pode também assustar, pois como dizia Santo Agostinho temos medo de esquecer o que de mal vivemos, mas igualmente temos medo de não lembrar a felicidade vivida. Assim vejo que o bom da vida é que somos essa mistura entre presente, passado e futuro e as lembranças são as nossas luzes que se projetam sobre nós mesmos, daí somos hoje o resultado daquilo que fomos nos passado, assim como, do nosso futuro depende integralmente o que fazemos com o nosso presente. 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

LEMBRANÇAS



            Lembro que quando eu era criança e morava em uma cidade pequena do interior se dormia de janela aberta e o quanto que aquilo era bom, senti o cheiro da noite e deixar a lua iluminar o quarto não tinha preço. Ninguém tinha medo e todas as pessoas eram conhecidas, nem mesmo um bêbado aos domingos, dias de festa na Cidade, causava qualquer temor. 


            Eu esperava ansiosamente o cheiro de bolo vindo da cozinha, até hoje é um dos cheiros que mais gosto, não era costume bolo de chocolate, mas o de fubá com cocó era divino e se comia na hora, quente mesmo, apesar das rogativas dos adultos para não faze-lo.



            O leite era fresco e o creme feito em casa, assim como o queijo. A canjica de milho era feita com coco e polvilhada de canela e o melhor era ter minhas iniciais gravadas no prato. Domingo era dia de galinha, ou qualquer outra carne que fosse diferente do usual. Não se comia salada e não havia preocupação com isso.



            O domingo era um dia diferente, ia-se a missa, se vestia a melhor roupa, comungava e a vida parecia tão leve, o bom é que não se tinha medo de nada e nesse tempo não se complicava tanto a vida.