quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

SENSIBILIDADES




            Segundo o dicionário Houaiss, sensibilidade significa emoção e sentimentos, qualidade de quem experimenta compaixão, simpatia e ternura daí imagino, porque as pessoas nunca demonstram fraqueza, sempre dizem que a família, trabalho, negócios, dinheiro tudo vai sempre bem e ainda acrescentam com um "Graças a Deus". 


            Um dos maiores dilemas do homem moderno é saber como conciliar razão e emoção, como é possível conciliar essas duas propriedade que parecem tão antagônicas, mas que na verdade se completam. A razão não é uma coisa a parte está intrinsicamente ligada a sensibilidade e ao subjetivismo, àquilo que existe de mais íntimo em cada um. 


            Como podem coisas tão fundamentais como a sensibilidade passar de moda? e o que é essa razão? É aquilo que é produto de um cálculo e as pessoas acreditam que basta para dá sentido à vida. Tem coisas ligadas à sensibilidade como a referência de felicidade, além do materialismo puro, que acabam sendo esquecidas. Na contemporaneidade o ideal é se mostrar sempre bem, e feliz, é só fazer um pequeno passeio pelas redes sociais, onde todos se dizem felizes e possuem receitas prontas de uma vida ideal, para se comprovar isso, mas, na verdade nunca se sabe o que o outro sente.


            Hoje me pus a pensar será se alguém ainda se sensibiliza vendo um filme do Chaplin? 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

LEMBRANÇAS



            Lembro que quando eu era criança e morava em uma cidade pequena do interior se dormia de janela aberta e o quanto que aquilo era bom, senti o cheiro da noite e deixar a lua iluminar o quarto não tinha preço. Ninguém tinha medo e todas as pessoas eram conhecidas, nem mesmo um bêbado aos domingos, dias de festa na Cidade, causava qualquer temor. 


            Eu esperava ansiosamente o cheiro de bolo vindo da cozinha, até hoje é um dos cheiros que mais gosto, não era costume bolo de chocolate, mas o de fubá com cocó era divino e se comia na hora, quente mesmo, apesar das rogativas dos adultos para não faze-lo.



            O leite era fresco e o creme feito em casa, assim como o queijo. A canjica de milho era feita com coco e polvilhada de canela e o melhor era ter minhas iniciais gravadas no prato. Domingo era dia de galinha, ou qualquer outra carne que fosse diferente do usual. Não se comia salada e não havia preocupação com isso.



            O domingo era um dia diferente, ia-se a missa, se vestia a melhor roupa, comungava e a vida parecia tão leve, o bom é que não se tinha medo de nada e nesse tempo não se complicava tanto a vida. 

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

RECOMEÇAR





            Uma vez recebi um cartão de fim de ano do Conselho de Classe da minha profissão que trazia um poema do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade falando sobre  que o ser humano que decidiu recortar o tempo em anos era genial já que ao início de um novo ano é possível a sensação de que tudo pode ser diferente.



            Acredito que esse recomeço é preciso sempre não somente agora quando se inicia um novo ano, mas em qualquer momento não importando de onde se parou. Recomeçar é dá uma nova chance a si mesmo, é a possibilidade de se perdoar e a partir dai acreditar novamente em si. As vezes é preciso recomeçar novamente até num mesmo dia.


            Entendo que o dia de recomeçar pode ser agora, o melhor dia para enfrentar os desafios da vida é o hoje. Existe uma corrente de pensamento que acredita que quando queremos o melhor, temos a possibilidade de atrair esse melhor. E assim é a vida esse campo de desafios e constantes recomeços, e esses recomeços dependem de nós e pode ser com gestos simples como um sorriso, um abraço, uma roupa nova ou um novo corte de cabelo.


            O sucesso nessa caminhada depende exclusivamente de nós e é por isso que para mim é um imenso prazer está recomeçando a escrever nesse espaço que gosto tanto. 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

SOBRE LITERATURA E IMAGINAÇÃO



            O que seria da literatura sem a imaginação, um nada apenas. A imaginação evoca e atribui sentido ao real, reproduzindo-o e representando-o. Mas uma coisa é certa se a literatura estivesse  apenas ligada ao mundo real ela seria um mero documento histórico, se fosse apenas um produto da imaginação do autor seria inteligível para as demais pessoas.


            A imaginação é uma propriedade humana de representação de imagens, é capaz de trazer objetos que já foram percebidos ou não, de criar novas concepções e ligações imagéticas. A imaginação segue uma via dupla, que considero como o grande fascínio da literatura, que é a recriação proposta pelo autor de acordo com a imagem do leitor, é a relação entre a obra e o público.


            A literatura é capaz de levar o leitor a viver experiências e pode provocar: diversão, tristeza, repúdio, entre outras sensações, mas pode também evocar imagens mentais proporcionando novos arranjos e recriações internas, daí vem o grande fascínio que a literatura exerce sobre a humanidade, pelas combinações possíveis na linguagem, e também pelos silêncios entremeados entre palavras.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A ARTE DOS PADRÕES SIMÉTRICOS E ASSIMÉTRICOS




            Naturalmente temos uma tendência para a simetria, consideramos que tudo deve está ordenado, harmônico, alinhado. Nas artes essa tendência foi por muito tempo majoritária e acredito que ainda o é entre a média das pessoas. Na Grécia Antiga, o artista se preocupava com a reprodução da realidade voltada para a perfeição das formas.



            Nas obras de arte daquele período não há corpo humano que seja tão simétrico. A cópia meticulosa da aparência passava por um processo de embelezamento e era comum se omitir qualquer imperfeição. Essa simetria influenciou os conceitos de beleza da sociedade ocidental que associa o belo as noções de gosto, equilíbrio, harmonia e perfeição.


            No século XX essa noção de simetria foi contestada por muitos artistas e o assim assimétrico se destacou, a própria noção do que seja arte foi contestada e foram incluídos materiais e técnicas antes jamais pensadas. Marcel Duchamp (1887-1968), artista francês criou o termo ready made para classificar a utilização de um ou mais artigos de uso cotidiano, selecionados sem ritérios estéticos e expostos como arte em lugares especializados como museus e galerias.


            Outro exemplo de rompimento foi a pop art surgido na Inglaterra nos anos 1950 e muito usando nos Estados Unidos na década de 1960 também usava objetos comuns como garrafas e tampinhas e tinha o objetivo de criticar o consumismo, Andy Warhol (EUA 1928-1987), apresentava personalidades públicas e produtos relacionados ao consumismo do povo norte americano como refrigerantes e latas de sopa.


            A arte simétrica passa a conviver com o assimétrico. Para mim, arte é a transformação simbólica do mundo  que nasce da cabeça do artista, onde é influenciado pela sua cultura que transforma sua visão de mundo, daí a modernidade foi capaz de criar beleza para o assimétrico.