domingo, 4 de maio de 2014

FALAS, ÍCONES E ESTILOS DA MODA


            Novo e moda são termos que andam sempre juntos, isso porque, a moda com a sua natureza volátil é sempre nova. Analisando a história da moda vemos que as mesmas formas e cores reaparecem inúmeras vezes. Enumerei alguns elementos pensando na moda, suas falas, estilos e percepções, fazem parte de uma indústria que reflete o tempo em constante mutação e é, influenciado por ele. Hoje o consumo de moda é um dos segmentos mais promissores do comércio em geral, não havendo mais distinção de renda, idade, característica física, cultural ou social. Todos querem, todos podem e todos de uma forma ou de outra consomem moda.



 Coco Chanel.
Na década de 1920, Chanel simplificou as formas, reduziu o uso de enfeites, usou tecidos mais leves e linhas mais simples. Adotou as linhas quadradas do vestido. Criou para o dia, conjunto de cardigã com bolsos aplicados confortáveis e relaxados. Para a noite, Chanel criou o vestido preto básico, segundo ela uma peca tão chique quanto a sua simplicidade. O lançamento do perfume Chanel nº 5 em 1921, sintetizou sua simplicidade de luxo e ativou a maquina de criar marcas.



Christian Dior.
Christian Dior foi o grande costureiro dos anos 1950, seu New Look restabeleceu Paris como capital da moda e salvou a importante indústria da alta costura. Suas coleções recebiam nomes e tinham um toque de uma volta ao feminismo com o uso do espartilho e a acentuação da cintura. Era a cura de um mundo cansado pelo minimalismo imposto pela Guerra, o retorno a silhueta de saia longa e cheia. A feminilidade estava em alta e com ela a disseminação de mais um ícone da moda.



 O vestido preto básico.
Nos anos 1950, o vestido preto renasceu, com o estilo clássico para coquetel, dando ensejo a novas possibilidades de guarda roupa. A ideia era a mulher aparecer em um simples tubinho preto, usando diamantes com um Martini nas mãos. O vestido preto era o contraste dos tailleurs ou dos vestidos estampados usados durante o dia. A simplicidade do pretinho era o pano de fundo ideal para acessórios da época como o chapéu.



   O blue jeans
Ícone dos anos 1950, conquistou a imaginação dos adolescentes, calças e jaquetas de brim tornaram-se o uniforme dos jovens. Trata-se de um tecido resistente surgido de Nimes, cidade francesa, que era urdido com uma trama azul, traje do operário europeu. A maior referência são as peças fabricadas pela Levis, antes de 1971 e a grande figura que imortalizou seu uso foi o jovem James Dean representando os rebeldes sem causa no cinema e influenciando toda uma geração.



 As Super modelos (anos 1990).
Nos anos 1990, quando o desfile das passarelas alcançou o mesmo nível de combustão de um desfile de rock, a moda foi assimilada à cultura popular. Um grupo de modelos que passou a representar a fantasia glamorosa encarnada (as supermodelos) foi promovido por suas agências como personalidades e remunerado com valores nunca imaginados. O fenômeno centrou-se em torno de Linda Evangelista, Cindy Crawford, Claudia Schiffer e Noemi Campbell. Seu poder de venda era tal que elas eram requisitadas para endossar produtos como celebridades, apareciam em calendários como pinups e em filmes, livros, TV e vídeos sobre boa forma.



 A exposição do logotipo.
Perto do fim do século XX, a fixação de marcas tornou-se um exercício de extrema importância na moda, e auxiliado pelo estilo do hip hop, a ostentação passou a ser aprovada. Há uma tendência crescente e colecionável a logomania, com o uso de joias chamativas de ouro e diamantes. Passou-se a usar o logotipo para reafirmar o status da marca.



 As bolsas desejadas (it bags).
Nada definiu mais uma temporada de moda na virada do século XXI do que a bolsa do momento. Chamada de it bag por ser fotografada e vista no braço de todas as celebridades, significa não só o status atingido pelo preço, mas também que quem a usava estava por dentro da moda. A Birkin da Hermès foi criada em 1984, é feita a mão por artesãos tradicionais, custa aproximadamente 10 mil reais. O desejo de possuir bolsas de grifes é uma obsessão momentânea da maioria das mulheres, outras marcas são famosas e copiadas para quem não possui o calibre financeiro de compra-las como: Louis Vitton, Gucci, Prada, entre outras.


sábado, 3 de maio de 2014

MINHA COZINHA DE ORIGEM

Carne de Sol com queijo coalho.

            Esses dias fiz uma viagem gastronômica as minhas raízes nordestinas, sertanejas, maternais. Em especial ao carneiro guisado à moda da casa como se fazia na minha infância, a galinha que se criava no local e o cuscuz temperado com bastante coentro. Pensar esses alimentos me remete a geografia do lugar, clima, vegetação, relevo. Os costumes alimentares do meu povo demonstra os importantes fatos históricos que ficaram impregnados nas suas memórias e nas suas mesas de resistência aos tempos de escassez.


Buxada de carneiro. 

            Acho que a cozinha que sou originária é uma constante reinvenção dos significados culturais alimentares. Guardo hábitos na memória, ingredientes da terra, forma de elaboração dos pratos, condimentos que lhe dão sabor. Tenho impregnado em minhas imagens mãos femininas que se responsabilizavam pelo preparo dos alimentos.


cuscuz sertanejo. 

            A cozinha é para mim a exposição de todo um passado, das origens, porque ela comunica, identifica é memória. Gilberto Freyre entendia que o ato de comer, é um ato global porque se come com o corpo inteiro. Inicialmente come-se com os olhos, come-se com o olfato; come-se com o tato, come-se finalmente com a boca, com o prazer de um sentimento tão aguçado que já é sentimento. Simbolicamente, comendo-se a cultura, comendo-se a história, a civilização e, de certa maneira, come-se também o homem, uma metáfora antropofágica, pois come-se os valores e os significados plenos do que é oferecido em alimento e diria ainda, come-se a si próprio, como em contato quase litúrgico e profundo da intimidade do eu individual com o seu coletivo, a própria cultura.


Galinha Caipira. 

            A busca de rastros de minha identidade gastronômica me leva a uma cozinha regional, onde não se evidencia um prato específico como artífice do seu modo de ser, mas, deixa evidente o emprego de ingredientes básicos utilizados na sua preparação, que lhe dão o perfume e o sabor característicos. Para mim é um cozinha de resistência onde se transformava escassez em fartura.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

SELFIE: O EGOCENTRISMO COLETIVO


Esses dias estive pensando na moderna obsessão da maioria das pessoas em se fotografar freneticamente seja em espelhos de banheiros, academias, bares ou qualquer lugar que possa faze-lo. O tal do “selfie” é a febre do momento todos querem, todos fazem. Junte-se a isso, a mania que vem crescendo nos últimos anos a de fotografar as comidas, seja nos restaurantes ou em casa. Parece que comer ficou em segundo plano, deixe o prato esfriar, em primeiro lugar vem fotografar. Mesmo que seja um simples mexido de segunda feira a noite tem que ser imediatamente publicado em redes sociais como face book e instagram.


Mas a moda “selfie” (publicar em redes sociais fotos que a pessoa tira do próprio rosto), superou tudo até a mania que considero irritante de fotografar a comida. Hoje cada um com seu celular cheio de recursos tecnológicos dirige o filme da própria vida, onde cada um, logicamente é a estrela e protagonista. E tome pose blasé, olhares fatais, cabelos arrumados e biquinhos (ah o infame biquinho) sensuais, caras e bocas não faltam. O “selfie” não tem classe social, muito menos limites.



Me sinto num surto coletivo de egocentrismo e hedonismo. Parece que a maioria das pessoas não faz questão de companhia, já que o principal parceiro e companheiro é o telefone celular. No mais acho que estou velha já que me assusto com fotos publicadas em funerais, banheiros, hospitais, mesas de família e em outros lugares que a pouco tempo seriam inimagináveis.

terça-feira, 15 de abril de 2014

A CAIXA DE PANDORA COM LOUISE BROOKS


            Sempre vi Louise Brooks como o protótipo da mulher dos anos 1920, corte a la garçonne, olhos pretos profundos, vestidos esvoaçantes e certa loucura caraterística daqueles anos pairando no ar. Parece uma moça incontrolável, uma mulher que não esperava por regras estava a frente do seu tempo, vivia de acordo com seus próprios termos. Isso fica claro em A Caixa de Pandora de (1929) um filme alemão feito no fim do cinema mudo.


            O enredo envolve uma mulher de nome Lulu, que afirma não ser prostituta, enquanto vemos que se comporta exatamente como tal. Ela está entretendo o medidor de relógio quando o filme começa então dá boas vindas a um velho e espigado homem, que poderia ser seu pai, seu cafetão ou ambos. Ele quer que Lulu encontre um acrobata, para uma apresentação num trapézio, mas antes ela recebe a visita de seu amante e patrão Shon editor de um jornal.


            Shon está deprimido, está prestes a se casar e quer romper o relacionamento entre eles. Fica ainda mais deprimido quando encontra, o homem velho escondido com uma garrafa atrás de um móvel. Lulu vai encontrar Shon no escritório deste onde é um imã erótico para o filho dele Francis e para uma condessa, que é, com certeza, uma das primeiras manifestações lésbicas do cinema. Lulu vira dançarina numa revista produzida pelo filho do amante. Shon a noiva e o filho vão aos bastidores. Shon se descontrola beija Lulu e é flagrado pela noiva. Ele acaba casando com Lulu.


            O interessante é que todo homem que ama Lulu morre violenta e inesperadamente. A expressão de seu rosto durante um tiro acidental de um personagem é fascinante. Ela parece está fora de sua própria vida, vendo-a passar. O filme é feito de cenas fortes para a época, quando Lulu é vendida por um marquês a um egípcio, ou quando ela morrendo de frio procura se prostituir para ajudar ao cafetão e é assassinada por Jack Estripador.



            Gosto de Brooks porque é moderna, não tem a maquiagem ultrapassada das estrelas do cinema mudo. Como se inclina de um homem a outro a única coisa constante é a sua vontade. Ela não quer dinheiro nem sexo; somente satisfazer e alimentar seu egocentrismo. Poderia ser desagradável mas ela  torna um passatempo fazendo o filme agradável.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

FOUCAULT: SUBJETIVIDADE, VERDADE E PODER

            Foucault sempre foi referência em meus estudos acadêmicos gosto de sua filosofia porque apresenta originalidade à medida que resolveu fazer antes a história do sujeito. Como Nietzsche um dos seus pontos de partida iniciais é a figura de Sócrates. Na filosofia ateniense estariam os fundamentos para o pesquisador encontrar as razões pelas quais se configurou a modernidade.



            A leitura de Foucault em torno de Sócrates se desenvolveu principalmente em lições próximo ao fim de sua vida. No curso no College de France ele diz que o conhece-te a ti mesmo de Sócrates estava em sua época relacionado à um trabalho exclusivamente ético e moral, ao cuidado de si, dentro dos preceitos da construção do eu. Nas regras para a vida correta, na preocupação com a alma, nos modos de prestar atenção a si mesmo e exercer com sabedoria o auto governo.



            Ele acredita que a modernidade desviou essa máxima socrática, desviando o cuidado de si, da filosofia como uma construção de vida voltada para a felicidade e a perfeição. Para os modernos o importante sobre o si mesmo é conhece-lo e o importante da filosofia é conhecer. Para Foucault a Modernidade seria marcada por uma nova forma dos indivíduos com o corpo e com os impulsos. Seu pensamento é tão grande e importante para a nossa contemporaneidade que traça a ideia que vivemos sob um poder que se exerce negativamente, para abafar potencialidades, dando a ideia de que o futuro parece não existir, sendo apenas resto daquilo que ainda não foi esmagado pela repressão dos tempos modernos.   

domingo, 6 de abril de 2014

MICHEL DUCHAMP: O MELHOR DA ARTE CONTEMPORÂNEA


            Na história da arte a palavra gênio se aplica a pouquíssimos criadores. Da Vinci, Picasso, Michelangelo. Dentre esse grupo existe um ainda mais seleto o dos visionários, que figuram Giotto de Bondone (1267-1337) e o francês Michel Duchamp (1887-1968). Giotto é responsável pelas noções de perspectiva e tridimensionalidade que moldaram a escola renascentista e a produção dos séculos seguintes. Por muito tempo artistas hesitaram antes de obedecer aos princípios do mestre italiano ou em desafia-los. Até que surgiu Michel Duchamp.



            A revolução perpetrada pelo francês é mais difícil de ser definida por causa de sua complexidade e da maneira anárquica com que ele mudou tudo na esfera artística. O conceito que orientou seu trabalho, no entanto, é bastante claro. Com Duchamp nasceu a ideia de que uma obra só está completa quando ela se soma a interpretação do outro, no caso o expectador. Ele não se contentava com a arte que se apura simplesmente com a visão, estimulava uma verdadeira troca intelectual com o admirador de suas peças.



            A arte de Duchamp é desprovida de qualquer sentido heroico. Ele não desejava levar arte as massas nem beleza ao cotidiano. Estava interessado em pensar, e em pensar em companhia. Ao tirar um objeto comum do seu contexto usual e elevá-lo a categoria de arte ele anunciava ao mundo que a habilidade manual do artista já não basta para definir uma obra. Instalar uma roda de bicicleta sob um banco era o jeito que tinha de fazer com que o espectador deixasse de vê-la como roda de bicicleta e passasse a admirar os seus contornos. A escolha do objeto deveria partir do artista e isso ganhava valor.



            Em 1913 em seu estúdio em Paris, nasceram os primeiros ready-made da história, exatamente A Roda e o Porta Garrafas. Dois anos depois ele se mudou para Nova York conseguindo sair do anonimato e tendo uma vida pessoal movimentada. A história é ilustrativa do quanto que Duchamp era avançado para a sua época ele integrava a Sociedade dos Artistas Independentes, que tinha como objetivo organizar exposições sem jurados ou premiações. Acredito particularmente que ele foi muito mais radical do que Picasso ou Matisse, pela sua grande capacidade visionária. O simbolismo de suas produções são hoje marcas indeléveis da nossa contemporaneidade.