“Vaidade
das vaidades tudo é vaidade”, a frase do
Eclesiastes, livro bíblico do antigo testamento, traduz bem a nossa época, bastante
vaidosa. Acho que a vaidade é a mentira que contamos sobre nós mesmos, para não
encararmos a nossa verdade. Falar de vaidade exige sinceridade e auto crítica,
não há como falar dessa condição tão humana sem falar de si mesmo. Somos
inerentemente vaidosos e ao que parece vaidade maior ainda seria se orgulhar de
não ter vaidades. A vaidade não se refere apenas a beleza, a aparência, ela é
uma máscara ela é o véu sobre o vazio.
A
vaidade é cada vez mais presente nesse momento em que vivemos a cultura do
espetáculo onde tudo tem que ser grandioso, onde tudo deve chamar atenção. Vivemos
em uma época que as pessoas tem blogs com a única finalidade de falarem de si
próprias, época em que as pessoas dão informações sobre elas mesmas como sendo
algo imprescindível. Cada vez mais se cuida do corpo e da roupa o investimento
que as pessoas fazem em cosméticos por exemplo, nunca foi tão grande. O
interessante que as coisas da vaidade duram pouco, isso pode ser visto no
consumo, logo que uma pessoa consome uma bolsa cara aumenta sua necessidade por
outra porque aquela sua necessidade anterior já se esgotou.
A
vaidade é uma espécie de bola de sabão faz aquele show todo e depois se
esvazia e o indivíduo vai precisar sempre de outra bola e esse movimento é
infinito. Então tudo que é sem fim não é fonte de felicidade porque não sacia
nunca. A vaidade necessita do aplauso e para eu ser aplaudido tenho que está de
acordo com os padrões da própria
sociedade que me observa. Todo indivíduo muito preocupado com a aparência está
preocupado com o que os outros vão falar. A vaidade nos enfeitiça e por isso
nos iguala.
A
vaidade é tão difícil de ser domada que a medida em que progredimos
(financeiramente principalmente) vai se tornando cada vez mais difícil
encontrar uma certa humildade e o retorno a ideia da tradição religiosa de que
ao pó se voltará, que somos insignificantes do ponto de vista cósmico, e que
não adianta ficar tão metidos porque nós vamos morrer do mesmo jeito. Assim
vamos convivendo na eterna luta com nós mesmos em administrar o nosso nível de
vaidade dentro de algo que possa parecer equilibrado, imagino que se quisermos
ser saudáveis mentalmente deveremos tirar o público de dentro de nossas
cabeças.
Domar
a vaidade a um nível aceitável nos afasta da ideia de sermos deuses capazes de
carregar a multidão, de agradar a todos. Desmistificando o hábito que as
pessoas tem que ouvir e aceitar as nossas verdades. Reitero a ideia pela busca
do equilíbrio que é a base das nossas vidas.