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terça-feira, 3 de junho de 2014

METRÓPOLIS O MELHOR DO CINEMA MUDO


Metrópolis (1927) está na lista dos filmes imperdíveis para o mundo do cinema. O filme do alemão Fritz Lang nos envolve num sinistro feitiço do início ao fim, tem um enredo que desafia o senso comum, e a descontinuidade é uma das suas premissas. Considerado como o grande o primeiro grande filme de ficção científica, fixou para o resto do século a imagem da cidade futurística, com o inferno do progresso da ciência e da falta de esperanças para a humanidade.



O laboratório de seu gênio, o diabólico Rotwang, criou o visual de enlouquecidos cientistas para as décadas que se seguiram. E a invenção da falsa Maria, o robô que lembra os seres humanos inspirou uma outra sequência de filmes. A mensagem oculta mostrada no filme é poderosa: ciência e indústria serão as armas dos demagogos. O filme de Lang é o ponto culminante do expressionismo alemão, a combinação de estilizados cenários, dramáticos ângulos de câmeras, sombras audaciosas e performances propositadamente teatrais.



A história, é sobre uma enorme cidade, cujas duas metades- os badalados cidadãos da superfície e os escravos de suas profundezas- não se conhecem mutuamente. A cidade é administrada por Jonh Frederson, um despótico homem de negócio. Seu filho Fred está em um jardim dos prazeres quando Maria, uma mulher do mundo subterrâneo, traz para a superfície um grupo de filhos de operários. Fred, atraído pela beleza de Maria e atônito com a situação dos operários vai para a superfície conhecer os segredos do mundo inferior.



Lang apresenta sua história com cenas de assombrosa originalidade. Considerando a primeira visão da fábrica subterrânea, com os operários se esforçando para movimentar pesados objetos manuais, mostrando-os controlados como os ponteiros de um relógio. Para apreciar o filme o espectador não pode pensar em simplesmente assistir, mesmo quando o roteiro parece a deriva, em nenhum momento o filme perde sua autoconfiança.




O resultado para a época é assombroso. Sem qualquer dos truques digitais de hoje em dia, Metrópolis enche a nossa imaginação. O filme é tão importante para a nossa construção visual que cria um tempo, um lugar e personagens que se tornam parte do nosso arsenal de imagens para imaginar o mundo. As ideias de Metrópolis foram absorvidas por tantas vezes em nossa cultura popular, que as suas horríveis cidades futurísticas são quase um fato consumado. Filme seminal para a nossa cultura e a história do cinema.

terça-feira, 15 de abril de 2014

A CAIXA DE PANDORA COM LOUISE BROOKS


            Sempre vi Louise Brooks como o protótipo da mulher dos anos 1920, corte a la garçonne, olhos pretos profundos, vestidos esvoaçantes e certa loucura caraterística daqueles anos pairando no ar. Parece uma moça incontrolável, uma mulher que não esperava por regras estava a frente do seu tempo, vivia de acordo com seus próprios termos. Isso fica claro em A Caixa de Pandora de (1929) um filme alemão feito no fim do cinema mudo.


            O enredo envolve uma mulher de nome Lulu, que afirma não ser prostituta, enquanto vemos que se comporta exatamente como tal. Ela está entretendo o medidor de relógio quando o filme começa então dá boas vindas a um velho e espigado homem, que poderia ser seu pai, seu cafetão ou ambos. Ele quer que Lulu encontre um acrobata, para uma apresentação num trapézio, mas antes ela recebe a visita de seu amante e patrão Shon editor de um jornal.


            Shon está deprimido, está prestes a se casar e quer romper o relacionamento entre eles. Fica ainda mais deprimido quando encontra, o homem velho escondido com uma garrafa atrás de um móvel. Lulu vai encontrar Shon no escritório deste onde é um imã erótico para o filho dele Francis e para uma condessa, que é, com certeza, uma das primeiras manifestações lésbicas do cinema. Lulu vira dançarina numa revista produzida pelo filho do amante. Shon a noiva e o filho vão aos bastidores. Shon se descontrola beija Lulu e é flagrado pela noiva. Ele acaba casando com Lulu.


            O interessante é que todo homem que ama Lulu morre violenta e inesperadamente. A expressão de seu rosto durante um tiro acidental de um personagem é fascinante. Ela parece está fora de sua própria vida, vendo-a passar. O filme é feito de cenas fortes para a época, quando Lulu é vendida por um marquês a um egípcio, ou quando ela morrendo de frio procura se prostituir para ajudar ao cafetão e é assassinada por Jack Estripador.



            Gosto de Brooks porque é moderna, não tem a maquiagem ultrapassada das estrelas do cinema mudo. Como se inclina de um homem a outro a única coisa constante é a sua vontade. Ela não quer dinheiro nem sexo; somente satisfazer e alimentar seu egocentrismo. Poderia ser desagradável mas ela  torna um passatempo fazendo o filme agradável.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O GABINETE DO DR. CALIGARI



O Gabinete do Dr. Caligari de 1920 é o tipo de filme que interessa aos que estudam, discutem e trabalham com as questões relacionadas ao cinema. Filme de estilo expressionista com aspecto claustrofóbico e cenários feitos de papel. Em um jardim ermo o jovem Francis conta a um homem neurótico e atormentado os acontecimentos que o traumatizaram. Alguns tempos antes a cidade de Holstenwall foi visitada por Dr. Caligari, um charlatão que frequentava feiras de variedades com o seu sonâmbulo Cesare. Enquanto Caligari apresenta seu número na feira, Cesare faz profecias de morte que mais tarde se concretizam, porque o sinistro doutor manda seu escravo-zumbi para cometer os crimes que ele previra.



No fim descobre-se que Francis é paciente de um manicômio e que sua história não passa de uma fantasia delirante povoada pelos demais internos e pelos funcionários do local. O filme é uma denúncia de um mundo novo de um novo século, mas povoado de loucuras e hipocrisias. Os cenários não realísticos e com sombras pintadas e perspectivas distorcidas eram uma estratégia para perturbar os espectadores.



O filme tem uma estética peculiar e é exemplo inicial da mistura entre cinema de arte e cinema comercial, uma estranheza rebelde coroada para agradar o gosto burguês que o filme pretendia. Filme essencial para o desenvolvimento do cinema e da imaginação, além de marco inaugural de diversos elementos do cinema de horror. Para mim diversão garantida. 

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O ANJO AZUL COM MARLENE DIETRICH



Não tenho dúvidas de que minha primeira imagem de cinema foi a de Marlene Dietrich sentada numa banqueta de meias e cartola num ambiente com um fundo esfumaçado, era assim que começava o verbete de cinema da Enciclópedia Britânica que tinha na estante da sala de minha casa, e um dos meus verbetes preferidos. Nunca mais esqueci o título do filme nem a nacionalidade alemã da atriz. Esses dias, resolvi ver o filme, que só tinha lido sobre, e tirar algumas conclusões.


O professor Imanuel Ratt, era um tirano para seus alunos, pois ia além da sala de aula, tornando-se fiscal da vida privada deste. O professor era sádico e tinha inigualável prazer em torturar seus alunos, o filme como um todo apresenta um forte teor psicossocial sadomasoquista. A vida desse professor um cinquentão rabugento e moralista sofre uma reviravolta ao investigar a vida de um aluno adentra a taverna O anjo azul. Ao se deparar com Lola, a dançarina ele cai de paixões, se dedicando a ela e dizendo e tornando-a sua esposa, o que escandaliza o diretor da escola que o demite e ele passa a seguir uma vida mambembe ao seu lado.


O professor foi concebido como o retrato acabado do filisteu alemão, autoritário e pedante. Nessa nova vida ele vivencia total decomposição moral, vivendo situações de humilhação e desespero, que culmina com o regresso a sua cidade natal onde é obrigado a atuar junto aqueles enquanto vê Lola entregar-se a outra das suas conquistas. O personagem, profundamente ferido, reage de forma alucinada e tenta matar Lola. Impedido de se vingar arrasta-se até à sua ex-sala de aula (cenário dos seus dias de grandeza) para morrer.


Feito em 1930, o som ainda era novidade no cinema, e o filme explora todos os tipos de sons, é a chamada trilha sonora diegética, usada para aproximar o filme da realidade. O filme tem um parentesco com o expressionismo alemão, que pode ser observado nos cenários do início, no uso das sombras e na história que mostra a degradação moral da nobreza intelectual alemã, personificado na figura do professor.


Mas ao que parece o principal motivo que fez o filme se tornar um dos mais cultuados filmes alemães de todos os tempos foi mesmo a figura enigmática de Marlene Dietrich apresentando ao mundo o seu talento, Marlene foi descoberta em um cabaré em Berlim e após fazer um teste de elenco foi escalada para o papel da cantora de cabaré Lola Lola, sua presença é tão magnética na tela que não fica difícil saber porque estava nascendo ali um novo mito.