Fui
apresentada a essa joia literária por um antigo amigo, e desde o começo percebi
que o livro era tão bem elaborado, de uma riqueza tão imensa que dessa vez fiz
diferente, li aos poucos para que durasse em minha vida livresca essa tão
incrível história. Marquez narra a incrível e triste história dos Buendía a
quem não é dada uma segunda oportunidade sobre a terra. Mas, na verdade eu
entendo o livro como uma autêntica enciclopédia do imaginário, e jamais deixei
de associar os Buendía a centenária casa de minha família.
Não
irei montar esse meu entendimento com um resumo das minhas próprias palavras,
acredito que por menor que fosse seria um sacrilégio, mas para que vocês
leitores se orientem ele conta a história dos Buendía os fundadores da fictícia
cidade colombiana de Macondo, passando por sua criação, anos de glória até o
seu derradeiro esquecimento. Acho que é o romance que mais identifica a América
Latina com ela mesma, além do que, enxergo nos Buendía traços de minha própria família e vejo em Macondo
elementos da cidade que moro a anos. Garcia Marquez cria com seu micro mundo
uma verdadeira obra universal, contada por meio de coisas surreais.
No
decorrer da narrativa somos apresentados a todos os Arcadios, Amarantes e
Úrsulas todos da família Buendía, personagens singulares, mas que levam a fama
de ter sempre um nome de um antepassado. O primeiro deles é José Arcádio
Buendía que é uma mistura de louco com visionário e patriarca dessa família
condenada a solidão. É ele que funda a cidade de Macondo e é casado com Úrsula
Iguarán que viveu cerca de 122 anos, quando lembro da passagem em que ela
envelhece e é esquecida como uma coisa qualquer, não deixo nunca de lembrar das
minhas tias com mais de 90 anos que também sofreram esse mesmo esquecimento por
parte da família.
José
Arcádio Buendía e Úrsula têm três filhos, Amaranta, José Arcádio e Aureliano.
Nenhum deles conseguirá ter uma felicidade plena no amor. São todos apaixonados
e impulsivos mas acabam sempre sozinhos em seus desígnios. Tem também
personagens secundários como Pilar Ternura que acaba se tornando concubina do
irmão Buendía e o cigano Melquiades que vive a volta com sua família e é capaz
de ressuscitar várias vezes é ele que escreve os pergaminhos que narra a
história da família Buendía.
É
daqueles livros que é preciso ler para entender o motivo de ser tão bom, a
leitura chega a ser inusitada, uma pessoa é capaz de subir aos céus, outras
conversam com fantasmas, algumas vivem mais de cem anos, e o bom é que tudo
isso é normal; alguns personagens morrem e o autor não nos conta quem os matou,
e mesmo assim a história é fascinante. Eu abria o livro estava no mundo de
Macondo. Parava de ler e pensava no que ia acontecer com os personagens.
É
um livro capaz de fazer exercitar a memória, embora a leitura seja de fácil
entendimento, as invencionices mágicas do autor não foge do senso de realidade.
Ao terminar uma leitura como esta, sentimos a nostalgia plena que só os grandes
livros são capazes de provocar, e continuaremos a buscar em tantas outras
páginas como um remédio para a saudade e a prevenção para a solidão. Digo sem
nenhum exagero, sem demérito dos demais, esse é o livro da minha vida.